Escatologia bíblica pré-tribulacionista: a história nas mãos de Deus I Éder Carvalho
INTRODUÇÃO
A terra e a vida humana, desde sempre
e continuamente estão em processo de construção, desconstrução e restauração.
Os homens constroem o mundo, se desenvolvem, se multiplicam. Eles mesmos,
através do mal e do pecado instalado em seus corações, desconstroem, destroem,
se extinguem. Mas Deus, que nunca sai de cena e jamais perde o controle, está
encaminhando a história para a restauração final, a qual não excluirá o juízo.
Considerando isso, nós que cremos na
Bíblia Sagrada, sabemos que nada está abandonado ao acaso, mas existe um fim e
uma eternidade preparados pelo Criador.
Como entender as revelações da
Bíblia sobre tais eventos proféticos? A escatologia é o estudo das últimas
coisas,[1]
e é nela que vamos nos empenhar neste seminário.
O COMEÇO
O livro de Gênesis narra o princípio
da história humana. O Eterno Criador deu vida a tudo, bem como ao ser humano,
criado conforme Sua imagem e semelhança.
O primeiro homem foi chamado Adão, e
este não tinha pecado em si. Porém, o vilão maior das trevas chamado Satanás se
apresentou em forma de serpente à esposa de Adão, Eva, e seduziu-a a
desobedecer a ordem expressa de Deus. Desobedecer ao Senhor significa pecar. O
primeiro ato de desobediência do primeiro casal humano abriu a porta para o mal
entrar na história e no coração humanos, dando muita força ao império das
trevas.
Por causa do pecado da humanidade, a
morte passou a assombrar a todos.
Como poderia o Criador resgatar e
salvar sua criatura? Sendo santo e justo, como poderia o Senhor Deus deixar de
castigar o homem condenando-o à perdição eterna? Se o fizesse Ele quebraria Sua
própria palavra, e isso é simplesmente inconcebível. O Criador fez valer sua
promessa: “No dia em que dela comerdes,
certamente morrerás” (Gn 2:17).
Porém, engana-se quem pensa que Deus
foi pego de surpresa. Na eternidade Deus já havia providenciado um meio justo de
restauração.
O SALVADOR
Nas narrativas do Antigo Testamento
(AT) surgem muitas expressões e profecias apontando para o salvador, aquele que
haveria de resgatar a humanidade. A primeira menção a Ele é o que os teólogos
chamam de protoevangelho: “... Ele lhe
ferirá a cabeça, e Tu lhe ferirás o calcanhar...” (Gn 3:15). Daí para
frente vão surgir para este mesmo personagem outros nomes, como “Filho de
Davi”, “Messias”,[2]
“filho do homem”, entre outros.
A CRUZ
O perfil que as profecias traçam
para o Messias cumpre-se com clareza na pessoa de Jesus Cristo. Ele é o ungido,
o Messias, o filho de Davi, o salvador.
Ainda em cumprimento às profecias,
ele morre em uma cruz, e do alto dela proclama o perdão dos nossos pecados. Sua
morte foi substitutiva, expiatória, redentora. Com seu sangue ele comprou a
nossa salvação, e nos constituiu reino de sacerdotes e filhos redimidos de
Deus.
CONDENAÇÃO E VIDA
ETERNA
Apesar da perfeição do sacrifício de
Cristo e de seu poder para salvar a todos os homens, o pecado continua reinando
no coração de todos aqueles que rejeitam e não creem em Cristo Jesus como
Senhor e salvador, isso porque Deus continua sendo justo e insistindo em dar
liberdade ao homem para escolher seus caminhos. A pergunta agora então é: para
aqueles que rejeitam e obstinadamente se agarram ao pecado, haverá condenação?
Será que o destino dos bons e dos maus será o mesmo?
A escatologia é o estudo deste fim.
É o caminho que escolhemos para analisar e interpretar as revelações bíblicas
das últimas coisas. O assunto é um tanto obscuro. A Bíblia não deixou 100% claro.
Certas linguagens são enigmáticas, simbólicas, e parecem sugerir interpretações
diferentes. Diante de tais mistérios devemos ter respeito e humildade, mas não
medo e afastamento. Somos convidados a buscar este sublime entendimento.
Olhar
para cima, para o fim, para além do horizonte faz parte daquilo que dá sentido
à nossa existência. Somos seres que pensam, e não apenas existem, mas que
querem saber de onde vieram, para onde vão, e como tudo isso se dará.
O QUADRO GERAL DOS
PRINCIPAIS EVENTOS ESCATOLOGICOS SEGUNDO A PERSPETIVA PENTECOSTAL
PRÉ-TRIBULACIONISTA
A maioria das igrejas pentecostais
segue uma escatologia pré-tribulacionista, isto é, cremos que os salvos não
estarão na terra enquanto estiver acontecendo a grande tribulação. Há quem
creia que a Igreja passará apenas pela metade desse período de perseguição e sofrimento
ꟷ os midi-tribulacionistas. Há os que negam a interpretação
literal da grande tribulação e do milênio ꟷ os amilenistas. Há outras
perspectivas ainda e algumas ramificações dentre cada uma delas. Nosso
propósito nesta apostila é focar a linha de interpretação pré-tribulacionista,
mencionando outras apenas quando for necessário.
Em nossa crença, a ordem dos eventos
fica assim:
* o arrebatamento
* no céu os crentes arrebatados
desfrutam das bodas do cordeiro e
passam pelo tribunal de Cristo
*
na terra os homens passam pelos sete anos da grande tribulação
* na primeira metade dela, o
anticristo conquista a confiança da grande maioria e estabelece no mundo o que
chamamos de falsa paz
* na segunda metade dela o anticristo
mostra sua verdadeira face e empreende implacável perseguição contra todos os
que se rebelarem contra ele, especialmente contra Israel. Esta é a batalha do Armagedom.
* no ápice da perseguição (no fim dos
sete anos) o Senhor Jesus volta
visivelmente ao mundo acompanhado dos anjos e dos salvos que com Ele já estavam
no céu.
* nesta feita Cristo aprisiona Satanás
e inicia na terra o chamado Milênio,
isto é, os mil anos de paz onde Cristo reina, e os santos com Ele.
* ao fim do Milênio Satanás é solto
para uma última rebelião. Cristo vence a batalha e lança Satanás no lago de
fogo.
* instaura-se, então, o Juízo final, quando os salvos e os
ímpios serão eternamente separados. Os condenados ficarão para sempre no lago
de fogo, os redimidos viverão para sempre com o Senhor.
A IMPORTÂNCIA DAS SETENTA SEMANAS DE DANIEL
Para a escatologia bíblica
pentecostal a profecia das setenta semanas de Daniel é de suma importância,
pois ela corrobora a nossa interpretação da grande tribulação, a qual, segundo
entendemos, terá sete anos de duração. Tal linha de pensamento faz muito
sentido porque o livro de Apocalipse fala de um período de grande sofrimento que
durará exatamente 7 anos sobre a face da terra. Portanto, vemos aqui a sintonia
profética entre os livros de Daniel e Apocalipse.
As
70 semanas de Daniel são tão importantes que o próprio Jesus mencionou ela (Mt
24:15), e nessa menção fica evidente que aquele que fará cessar a oferta de
manjares na profecia de Daniel é o anticristo, e não o Messias, como dizem os
amilenistas, visto que Jesus diz que a desolação será feita no lugar santo.
Impossível não associar o lugar santo do templo dos judeus com a profanação da
interrupção de ofertas e rituais judaicos. Este será um período de grande
sofrimento para os judeus que aqui estiverem, mas o socorro deles estará
próximo.
As 70 semanas de Daniel só fazem
sentido se forem calculadas como semanas de anos. Se fossem dias de 24 horas
cada, o resultado nos colocaria em um ponto da história em que nada de especial
ou relativo à profecia aconteceu. Além disso, semanas de anos não é
incompatível com a linguagem profética da Bíblia.
Vamos às palavras sagradas:
24“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre
a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados,
para expiar a iniquidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a
profecia e para ungir o Santo dos Santos. 25Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para
edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta
e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos
angustiosos. 26Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido
e já não estará; e o povo de um príncipe que há de vir destruirá
a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim
haverá guerra; desolações são determinadas. 27Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da
semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das
abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada,
se derrame sobre ele”. (Daniel 9:24-27)
Assim, temos a revelação de 69 semanas até o Messias. Elas estão
divididas em três períodos: um primeiro de 7 semanas – 49 anos, seguido de
outro período de 62 semanas – 434 anos, que já totalizaram 483 anos, e então há
uma interrupção, um adiamento da última semana (até ao fim) – os últimos 7 anos que completariam 490 anos.
Este
adiamento subentendesse quando o anjo diz que o Ungido (Jesus) será morto
(ressuscitado) e ascendido novamente aos céus (“e já não estará”), e depois disso acontecerá a destruição de
Jerusalém (a qual cumpriu-se no ano 70 d.C), e ainda depois disso continuará
acontecendo guerras e desolações até ao
fim.
Só
depois disso tudo é que é dito que o príncipe (o anticristo) fará aliança entre
muitos por uma semana (a última), na metade dela fará cessar o sacrifício e a
oferta de manjares, até que a destruição se derrame sobre ele. Diga-se de
passagem que a destruição nunca se derramou sobre Cristo; a cruz foi na verdade
a sua maior vitória. Portanto, o príncipe que faz aliança com muitos por uma
semana não pode ser Jesus.
Em
suma, das setenta semanas de Daniel depreendemos que 1) haverá sobre a face da
terra um período de sete anos de grande
tribulação protagonizados por um príncipe mau, isto é, o anticristo, o qual mostrará sua verdadeira face 2) na metade dessa semana, profanando o lugar
santo, fazendo cessar sacrifícios e ofertas, iniciando grande perseguição
aos que se lhe oporem. Nesta perseguição o abominável estará acompanhado de 3) muitos que estarão aliançados com ele.
Porém, a profecia deixa claro que ao final desta grande tribulação (maior que
todas as que já houveram e do que qualquer uma que ainda possa haver – Mt 24:21)
4) a destruição será derramada sobre o anticristo.
Cremos então que
do céu virá aquele que destruirá o anticristo, e nós sabemos que o vencedor se
chama Jesus Cristo, Fiel e Verdadeiro.
O ARREBATAMENTO
37"Pois
assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do Homem. 38Porquanto, assim como nos dias
anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao
dia em que Noé entrou na arca, 39e
não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será
também a vinda do Filho do Homem. 40Então,
dois estarão no campo, um será tomado, e deixado o outro;" (Mt 24:37-40)
Este é um dos textos que deixam claro que haverá um
arrebatamento antes da vinda gloriosa do Senhor Jesus.
Alguns fazem confusão porque existem termos comuns aos dois momentos nas
descrições bíblicas. Note que no texto em destaque Jesus começa usando a
expressão “a vinda do Filho do Homem”,
e termina falando do arrebatamento – “um
será tomado, e deixado o outro”. Isso ocorre porque a expressão “vinda do
Senhor” é de fato muito rica, porém o detalhamento e a exposição dos textos
bíblicos apresentam clara distinção entre o arrebatamento e a vinda gloriosa.
Um outro exemplo é 2Tessalonicensses
2:1 que diz: "Irmãos, no que diz
respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, nós
vos exortamos". Repare que Paulo dá a ideia de duas cenas diferentes:
uma é a vinda de nosso Senhor, outra é a nossa reunião com Ele. Em
1Tessalonicenses 4:17 Paulo diz que “nós,
os que estivermos vivos, seremos arrebatados...”.
Ainda em 1Tessalonicenses, desta vez no capítulo 3 e no verso 13, lemos
que o Senhor Jesus voltará “com todos os
santos”, ou seja, antes eles serão arrebatados, celebrarão as bodas do
Cordeiro no céu, para só então voltarem com Cristo à terra, e nesta feita o
Senhor dará fim à grande tribulação, prenderá Satanás por mil anos e dará
início ao Milênio (Is 11:6).
O que é o arrebatamento então? É o
rapto da Igreja,[3] o momento em que os
verdadeiros crentes em Cristo serão levados, e os demais serão deixados. Neste
momento os olhos dos descrentes não verão o Senhor Jesus, nem seus ouvidos
ouvirão a voz do arcanjo e o som da trombeta (somente os mortos em Cristo o
ouvirão). Então estaremos com o Senhor no céu, enquanto na terra começa a
última semana de Daniel, a grande tribulação.
Neste arrebatamento, os mortos em
Cristo ressuscitarão primeiro,[4] e os que estiverem vivos
serão arrebatados e simultaneamente transformados, passando a ter um corpo de
glória, compatível com a vida gloriosa na presença plenamente manifesta de Deus
na glória celestial (1Co 15:52-54).
AS BODAS DO CORDEIRO
"Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória,
porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou,
pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o
linho finíssimo são os atos de justiça dos santos. Então, me falou o anjo:
Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro.
E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de Deus." (Apocalipse
19:7-9)
As bodas do
Cordeiro enchem de esperança o nosso coração.
Cremos
em um Deus que não castiga o justo com o injusto como se não houvesse diferença
alguma entre eles. Assim como Noé e sua família estavam seguros na arca
enquanto os ímpios eram julgados abaixo dela, assim como os israelitas foram
preservados enquanto os egípcios foram castigados, assim a santa Igreja de
Cristo estará como o Seu eterno e amado Noivo no céu, celebrando o grande
casamento, a grande ceia, as bodas do Cordeiro. Aleluia!
O TRIBUNAL DE CRISTO
"Contudo, se o que alguém edifica sobre o
fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se
tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada
pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará. Se
permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá
galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será
salvo, todavia, como que através do fogo." (1Coríntios 3:12-15)
Acontecerá, também, no céu, o
tribunal de Cristo, isto é, o julgamento dos crentes. Este não é um julgamento
para determinar o destino eterno dos “réus”, pois os que passarão por tal
tribunal são os que já receberam o veredito de vida eterna na presença de Deus.
Estamos falando, portanto, do julgamento das obras os crentes, e da recompensa
que o Senhor dará a cada um respectivamente.
O Senhor vai julgar
nesse dia o teor do que foi feito e a intenção com que se fez cada obra. Como
Deus conhece os pensamentos e as intenções do coração de cada um, far-se-á
diferença entre a nobreza e a futilidade nas obras dos crentes. O fogo revelará
as verdades que aqui conseguimos esconder.
A GRANDE TRIBULAÇÃO
Quando a Noiva do Cordeiro for arrebatada,
iniciar-se-á na terra a chamada grande tribulação.
Esta
é a deixa, a permissão divina para que o anticristo[5]
se manifeste. Israel, que rejeitou o verdadeiro Cristo, aceitará o falso cristo
(Jo 5:43), dando a ele poder para lhes causar grande dor e sofrimento.
No
meio da semana, ao completar-se 3 anos e meio do governo do anticristo, encerra-se
a falsa paz e inicia-se a terrível perseguição. O anticristo trará profanação
sobre o lugar santo e perseguição aos judeus. Este último período será o pior,
o mais terrível (Ap 10 – 19).[6]
O livro de Apocalipse faz uso de muitas figuras e linguagens para descrever o
inigualável sofrimento daqueles dias (Ap 6 – 19). Trata-se de um julgamento de
Deus sobre Israel e as demais nações, os quais igualmente rejeitaram o Messias.
Tanto o anticristo, quanto o falso profeta, quanto o próprio diabo só poderão
agir por causa da permissão de Deus, o que mostra que na verdade a fonte
primeira do julgamento é o próprio Deus.
Porém,
o propósito final de Deus é salvar Israel e instaurar Seu Reino milenar sobre a
terra. Sim, porque quando o anticristo mostrar sua verdadeira face, Israel vai
se arrepender de ter acreditado nele e rejeitado a Jesus Cristo, então
acontecerá a reviravolta na história do povo escolhido, a restauração final (Dn
12:1; Ap 7:1-8).
O
anticristo primeiramente conquistará a confiança e a fé de Israel (Dn 9:27) restaurando-lhes
o templo e retomando os sacrifícios e rituais do mesmo (Dn 9:25). Seu poder
político será de grande valia para seus intentos. Ele oferecerá o eles o que
eles mais esperam, soberania e estabilidade política e religiosa. Jesus não
prometeu nada disso porque não era disso que eles realmente precisavam.
Enquanto eles queriam um reino humano e terreno Jesus veio anunciando o Reino
de Deus, o Reino dos céus. O engano será a pedra de tropeço de Israel. Mas,
finalmente seus olhos se abrirão, e o arrependimento virá.
A batalha do Armagedon
Nesta
hora eles serão perseguidos implacavelmente. O anticristo reunirá um grande
exército para destruir Israel na batalha do Armagedon (Ap 19:19-21). Porém, no
derradeiro momento, quando estiverem encurralados contra o monte das Oliveiras
(Zc 14:1-5), findados dos 7 anos,
A vinda gloriosa do Senhor
Cristo
descerá com Sua Igreja e Seus anjos para livrar Israel e derrotar a trindade satânica.
Esta é a
vinda gloriosa e visível do Senhor. Nesta feita, a Bíblia diz que “todo olho o verá” (Ap 1:7), inclusive
aqueles que o traspassaram na cruz. Como já dissemos, os santos descerão com o
Senhor (1Ts 3:13). Cristo mostrará as feridas em suas mãos (Zc 13:6), e com
isso acontecerá a conversão em massa da Nação de Israel (Rm 11:25-32; Dn 12:1;
Ap 7:1-8).
O Senhor
vencerá o anticristo com o sopro de sua boca (2Ts 2:8) e o falso profeta (Ap
19:20), lançando-os no lago de fogo.
O MILÊNIO
"Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte
na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo
contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil
anos." (Apocalipse 20:6)
Cristo instaurará sobre a face da
terra o Seu reino milenar, no qual os santos reinarão também.
Este reino não será apenas espiritual, mas também político. A isso
chamamos de Teocracia, isto é,
diferente da democracia, a vontade de Deus é que vai prevalecer. Todos os
demais regimes e reinos humanos falharam, mas o de Cristo não falhará,
provando-nos assim que a culpa de todos os males da terra sempre foi nossa, e
não de Deus.
Até mesmo a natureza será transformada neste período. Veja o que diz
Isaías:
"O
lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o
bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um pequenino os
guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; o
leão comerá palha como o boi. A criança de peito brincará sobre a toca da
áspide, e o já desmamado meterá a mão na cova do basilisco. Não se fará mal nem
dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento
do SENHOR, como as águas cobrem o mar." (Isaías 11:6-9)
Realmente serão mil anos de paz sobre toda a terra, nos quais se
cumprirão plenamente as promessas de Deus a Israel. Davi reinará novamente e
seu reino não será quebrado. O povo escolhido fará de Sião uma luz de esperança
e referência para as demais nações.
A diferença entre Israel e os gentios
Para que
se compreenda esta interpretação dos textos bíblicos é necessário considerar
que existe na Bíblia uma diferenciação entre o povo judeu e o povo gentio. Um
dos motivos que distanciam tanto o pensamento pré-milenista do amilenista, por exemplo,
é que eles consideram que todas as promessas que Deus fez a Israel se referem a
nós, e vice-versa. Se assim o fosse, difícil seria explicar a clara distinção
dos dois povos que muitos textos bíblicos apresentam, sem termos que migrar
constantemente da interpretação alegórica para a literal dos textos sagrados.
Assim sendo, entendemos que a
salvação veio dos judeus, mas escapou por entre seus dedos, devido ao seu
pecado e dureza de coração. Essa tão grande salvação estendeu-se a nós. A
Igreja é recebida na família “abraâmica”
pela fé. Contado, as promessas específicas que Deus havia feito a Israel
precisam se cumprir, pois Deus é fiel. Haverá o tempo em que tudo isso
acontecerá, e nada jamais saiu do controle de Deus.
A Grande Tribulação acontecerá para
julgar e finalmente salvar principalmente (não exclusivamente) Israel, e
durante esse período a Igreja (gentios salvos pela graça de Cristo) estará no
céu com Cristo. Nosso período de salvação é este que se estende entre a
penúltima e a última semana de Daniel, pois tal profecia refere-se aos
israelitas – “sobre o teu povo e tua
santa cidade” (Dn 9:24).
A revolta final de satanás
"Quando, porém, se completarem os mil anos,
Satanás será solto da sua prisão e sairá a seduzir as nações que há nos quatro cantos
da terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a peleja. O número dessas é
como a areia do mar. Marcharam, então, pela superfície da terra e sitiaram o
acampamento dos santos e a cidade querida; desceu, porém, fogo do céu e os
consumiu. O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e
enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e
serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos."
(Apocalipse 20:7-10)
Mesmo sob o governo total de Cristo, o pecado e a
maldade estarão escondidos no coração de muitos, e estes serão seduzidos por
Satanás no fim do milênio.
Porém, como já sabemos, essa
rebelião será fracassada, e resultará na condenação final de Satanás, que será
lançado no lago de fogo, onde já estarão a Besta e o Falso profeta.
O juízo final
"Vi um grande trono branco e aquele que nele
se assenta, de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para
eles. Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do
trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi
aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se
achava escrito nos livros. Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o
além entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, um por um, segundo
as suas obras. Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de
fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. E, se alguém não foi achado
inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo."
(Apocalipse 20:11-15)
A Igreja não passará por esse juízo, pois já passou
pelo Tribunal de Cristo e já está reinando com Ele. Os demais seres humanos é
que serão julgados nesse momento.
Todo aquele que não estiver no Livro da Vida[7] será lançado no lago de
fogo, junto com a morte e o inferno.
A NOVA JERUSALÉM
A Nova Jerusalém será perfeita,
tão sublima que dispensa comentários. As palavras sagradas é tudo de que
precisamos:
"Vi
também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus,
ataviada como noiva adornada para o seu esposo. Então, ouvi grande voz vinda do
trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com
eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. e me transportou,
em espírito, até a uma grande e elevada montanha e me mostrou a santa cidade,
Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, a qual tem a glória de Deus. O
seu fulgor era semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe
cristalina. Tinha grande e alta muralha, doze portas, e, junto às portas, doze
anjos, e, sobre elas, nomes inscritos, que são os nomes das doze tribos dos
filhos de Israel. Três portas se achavam a leste, três, ao norte, três, ao sul,
e três, a oeste. A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre
estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. Aquele que falava comigo
tinha por medida uma vara de ouro para medir a cidade, as suas portas e a sua
muralha. A cidade é quadrangular, de comprimento e largura iguais. E mediu a
cidade com a vara até doze mil estádios. O seu comprimento, largura e altura
são iguais. Mediu também a sua muralha, cento e quarenta e quatro côvados,
medida de homem, isto é, de anjo. A estrutura da muralha é de jaspe; também a
cidade é de ouro puro, semelhante a vidro límpido. Os fundamentos da muralha da
cidade estão adornados de toda espécie de pedras preciosas. O primeiro
fundamento é de jaspe; o segundo, de safira; o terceiro, de calcedônia; o
quarto, de esmeralda; o quinto, de sardônio; o sexto, de sárdio; o sétimo, de
crisólito; o oitavo, de berilo; o nono, de topázio; o décimo, de crisópraso; o
undécimo, de jacinto; e o duodécimo, de ametista. As doze portas são doze
pérolas, e cada uma dessas portas, de uma só pérola. A praça da cidade é de
ouro puro, como vidro transparente. Nela, não vi santuário, porque o seu
santuário é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro. A cidade não precisa
nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a
iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada. As nações andarão mediante a sua luz, e
os reis da terra lhe trazem a sua glória. As suas portas nunca jamais se
fecharão de dia, porque, nela, não haverá noite. E lhe trarão a glória e a
honra das nações. Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o
que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do
Cordeiro." (Apocalipse 21:2-3,10-27)
CONCLUSÃO
Mais
importante do que saber com exatidão os detalhes e a ordem dos eventos
escatológicos, é estarmos preparados para, ou a morte ou o arrebatamento.
Além
disso, devemos continuar servindo a Deus de tudo coração e lutando por um mundo
melhor, pois esta é a vontade de Deus.
E
por fim, podemos descansar o nosso coração nas mãos do Senhor sabendo que tudo
está debaixo do governo de Deus. O livro do Apocalipse nos apresenta quatro
tipos de livros: o livro selado (Ap 5:1), o Livro do Vida (20:15), o livro na
mão do anjo (Ap 10:8), os livros do juízo final (Ap 20:12), e o próprio livro
sagrado do Apocalipse (22:19). O que nos chama a atenção é que todos estes
livros estão sob o controle e governo de Deus. O livro selado estava na mão de
Deus e foi aberto pelo Cordeiro. O Livro da Vida também está nas mãos de Deus,
bem como os livros do juízo final. O livro na mão do anjo não está nas mãos de
Satanás, ou do anticristo, ou do falso profeta, mas de um membro do Reino
celestial. Em outras palavras, toda a história está nas mãos de Deus. Aleluia!
Por
essas razões podemos regozijar e clamar “Maranata!”
“O
Espírito e a noiva dizem: Vem!” (Ap 22:17)
SOBRE O AUTOR
Formado em Letras.
Bacharel em Teologia EaD pela Faculdade
Teológica Refidim, e
Pós-Graduado em Aconselhamento Cristão na
mesma instituição.
Éder Billy Carvalho é marido da Monique, pai
da Hellen e do Nicolas.
Ministro voluntário e membro Evangelista pela IEADJO.
Site: www.edercarvalho.com
Fone: (47) 9 8834-6777
Joinville – SC
[1]
Sobre a palavra escatologia= eschatos: último;
logos: tratado.
[2]
Que significa “O ungido, o Cristo”.
[3] O
termo grego é harpazo: levar,
arrancar com força e rapidamente.
[4]
Esta é a continuação da primeira ressurreição iniciado por Cristo Jesus, que é
a primícia.
[5] O
Apocalipse lhe dá o nome de Besta.
[6]
Selos, trombetas e taças.
[7]
Este é mais um texto que sugere que haverá salvação durante todos os períodos
que antecedem o Juízo final, inclusive durante o milênio.
Comentários
Postar um comentário