Apostila: "SEJA FORTE, SEJA HOMEM"
INTRODUÇÃO
“Estou para seguir o caminho de toda a terra. Por isso, seja forte
e seja homem”. (1Reis 2:2)
Jamais
vimos tanta confusão e filosofias malignas permeando a mente das pessoas quando
o assunto é o significado e a verdadeira identidade do homem. Flagrantemente, o
Diabo faz de tudo para destruir a figura do homem.
A única fonte pura de revelação
sobre a identidade do homem é a Bíblia. Somente através da Palavra de Deus
podemos entender o que significa ser homem de verdade ⸺
homem segundo Deus.
Nesta apostila abordaremos o
conceito bíblico de masculinidade sob 4 aspectos: 1) o homem como filho de
Deus, 2) o homem como marido, 3) o homem como pai, 3) e o homem como pastor.
É necessário esclarecer ainda que o
foco desta apostila é explanar a identidade e o papel do homem no contexto da
família, e não da sociedade, etc.
1- O HOMEM COMO FILHO DE DEUS ⸺ AMAR A DEUS
“Criou Deus o homem à
sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. (Gênesis 1:27)
Antes
de Adão tornar-se marido e pai, ele era filho de Deus, amigo do Senhor. Adão
tinha um verdadeiro relacionamento pessoal com o Criador, antes mesmo da
existência de Eva.
Ou
seja, Adão já era um homem de verdade ⸺
no melhor sentido da palavra ⸺ , somente a partir de
sua comunhão individual com o Senhor.
Essa
é a base de tudo, entender o que significa ser filho de Deus.
1.1
Filho amado
“Há muito que o
Senhor me apareceu dizendo: ‘Com amor eterno te amei, por isso com benignidade
te atraí’” (Jr 31:3).
O amor de Deus nos antecede. Ele
sempre nos amou. Deus é amor, Deus é eterno, e com amor eterno Ele nos amou.
Isso quer dizer que, mesmo antes de nascermos, antes de a terra ser criada,
antes de qualquer “antes”, desde a eternidade, o Criador nos amou.
Ser
consciente do amor de Deus por nós é estar livre do fardo do merecimento ou da
culpa.
O
fardo do merecimento faz você se esforçar para merecer o amor de Deus, e esse
esforço fatalmente lhe afastará da dádiva de desfrutar o amor de Deus. Quanto
mais você tenta merecer a graça, tanto mais você desaprende a desfrutá-la.
É
aí que mora o perigo. Aquele que não desfruta o amor de Deus acaba por perder o
sentido e o sabor da vida. Com o tempo, seu coração vai enchendo-se de
rachaduras. O que era para ser doce se torna amargo. E quando uma de suas
represas interiores se rompem, aqueles que estiverem por perto sofrerão
gratuitamente. O homem preso pela meta do mérito sempre desconta,
involuntariamente, sua frustração e cansaço, nas pessoas que mais lhe amam.
O
fardo da culpa vem a reboque. Você se frustra por não atingir o nível de
excelência exigido para agradar a Deus, e acaba punindo a si mesmo. Você não
consegue se perdoar. Sua autoestima vai por água abaixo. Novamente, as pessoas
mais próximas sofrem com seus espasmos malévolos; mas dessa vez, uma nova
vítima se torna o alvo principal: você mesmo.
É
por isso que você precisa primeiro resolver sua relação com Deus, deixar que
Ele lhe revele quem você é, a saber, um filho amado.
Compreender-se
como filho amado de Deus não lhe exime da responsabilidade de esforçar-se para
ser melhor como pessoa, mas da tentativa de tentar ser melhor para só então
merecer o amor de Deus. Receber a revelação de que é filho de Deus lhe fará
colocar o carro atrás dos bois. Sua força motriz será a força certa, a única
que realmente é suficiente. Você será inspirado a ser melhor não pelo desejo de
ser merecedor do amor de Deus, mas pelo próprio amor de Deus. Isto é,
justamente por saber que é amado ⸺
sem merecer ⸺ você terá o prazer de se esforçar
para ser melhor. A graça não anula o esforço, mas anula o mérito, a culpa, e todo
tipo de religiosidade e antropocentrismo.
Em
outras palavras, você não será capaz de ser um marido segundo o coração de
Deus, nem um pai segundo o coração de Deus, se primeiro você não for feliz,
realizado, resolvido. E você não será capaz de se tornar feliz, realizado e
resolvido, se você não entender que você é um filho amado de Deus. Por fim,
você jamais poderá entender que você é um filho amado de Deus, se você não
tiver um relacionamento real com Ele ⸺
um relacionamento de Pai e filho.
Definitivamente,
o conceito bíblico de “homem segundo o coração de Deus” é precedido pelo
conceito bíblico de “filho amado de Deus”.
Para
aprofundar a questão, você precisa responder honestamente às seguintes
perguntas:
1)
Eu nasci de novo? Fui regenerado? Fui transformado pela graça salvadora de
Jesus? Tive um encontro verdadeiro com Ele? (Que fique bem claro que o ponto
número 1 está fazendo uma única pergunta, porém de formas diferentes. Abaixo
vem a segunda pergunta)
2)
Como têm sido minha vida com Deus? Estou vivendo verdadeiramente em comunhão
com o Senhor? Tenho plena convicção de ter um relacionamento com Jesus? Tenho
certeza de salvação? Conheço o meu Senhor e reconheço Sua voz e Seu agir em
mim?
3)
Encontrei a razão da minha existência? Descobri o sentido da minha vida? Jesus
é tudo para mim? A graça é suficiente para mim? Sou feliz com Jesus? Sou
completo? Sou resolvido? Ou ainda preciso de alguma pessoa ou alguma coisa
desta terra para ser feliz?
Este terceiro ponto merece um
comentário a mais.
Sua felicidade não pode estar
condicionada à sua esposa (ou futura esposa), ou aos seus filhos (ou futuros
filhos); muito menos a bens materiais.
O homem que se casa para ser feliz
na verdade está perdido, e submetendo seriamente sua esposa e filhos a uma vida
infeliz.
Sua felicidade deve emanar de sua
comunhão pessoal com Deus. “Como é feliz aquele que tem suas transgressões
perdoadas, e seus pecados apagados” (Sl 32:1).
Sua esposa não fará você feliz, mas,
se você já é feliz com Jesus, sua esposa lhe fará ainda mais feliz ⸺
e você a ela. Seus filhos lhe farão ainda mais feliz, isso se você já entendeu
que é um filho amado de Deus.
Um homem pode amar profundamente sua
esposa e filhos, e mesmo assim ser infeliz, pois somente Jesus pode torná-lo
pleno, resolvido e feliz.
1.2 Filho obediente
“Pois está escrito:
‘Sejam santos porque Eu Sou santo’” (1Pe 1:16) (Mt 21:28-30; Ex 39:30)
Preste atenção na seguinte parábola
de Jesus:
“O que acham? Havia um homem que tinha
dois filhos. Chegando ao primeiro, disse: ‘Filho, vá trabalhar hoje na vinha’. E este respondeu:
‘Não quero!’ Mas depois mudou de ideia e foi. O pai chegou ao outro filho e disse
a mesma coisa. Ele respondeu: ‘Sim, senhor!’ Mas não foi. Qual dos dois fez
a vontade do pai? ‘O primeiro’, responderam eles. Jesus lhes disse: ‘Digo-lhes
a verdade: Os publicanos e as prostitutas estão entrando antes de vocês no
Reino de Deus’”. (Mt 21:28-31)
Nesta
parábola, claramente Jesus está descrevendo dois tipos de filhos, os obedientes
e os desobedientes. Portanto, um homem segundo o coração de Deus,
necessariamente é um filho obediente do Senhor.
E
como saber a vontade do Pai? Afinal, só podemos obedecê-lo se conhecermos
claramente a vontade dEle para nós. Então, onde posso ter o conhecimento da
vontade Deus para mim? A resposta é muito simples: “Na Bíblia Sagrada”.
O
filho obediente de Deus é aquele que ama, lê, estuda, medita, e pratica a Sua
vontade ⸺ a qual está revelada na Bíblia
Sagrada.
Viver
em obediência ao Senhor significa viver em santidade ao Senhor. Isso resolve
muitos problemas. Um marido que não trai, não vive na promiscuidade, está
fazendo um grande bem para si mesmo e para sua esposa. Um pai que não mente,
não xinga palavrões ou explode em ira e violência, está fazendo um grande bem
para si mesmo e para seus filhos.
Enfim, se uma mulher
escolher se casar com um homem cujo relacionamento com Deus é real, pautado
pela palavra, e que de fato vive como um filho obediente do Senhor, certamente
estará fazendo uma das escolhas mais sábias de sua vida. Semelhantemente, seus
filhos serão muito privilegiados.
2- O HOMEM COMO MARIDO ⸺ AMAR A ESPOSA
Vamos falar sobre o papel do homem
como marido em 4 palavras-chave: 1) fidelidade, 2) amabilidade, 3) provisão, 4)
cabeça.
2.1
Fidelidade
“Mas eu lhes digo: qualquer que olhar
para uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração”.
(Mateus 5:28)
Veja que Jesus está no campo do
pensamento, da intenção, do interior do coração. Ou seja, Jesus não deixa
passar nada.
Se a fidelidade que Deus requer do
homem para com sua mulher vai além do adultério consumado na carne, é porque a
fidelidade que Ele requer do homem para Si mesmo (para com Deus) também vai
além das aparências.
Por isso, o primeiro aspecto que
abordamos foi “o homem como filho obediente de Deus”.
Sob a luz da santidade bíblica, o
homem como marido não irá tolerar qualquer que seja o tipo de infidelidade.
Acessar sites pornográficos (etc)
quando sua esposa e filhos não estão vendo também é infidelidade, pois você
está traindo a confiança deles; e, principalmente, você está ofendendo a
santidade de Deus. Sua esposa e filhos podem não ver, mas Deus vê. Sua família
pode não saber, mas ela sofrerá as consequências do seu pecado.
Acã escondeu o pecado debaixo da
tenda onde morava sua família. Ao fazer isso, sendo ele um pai de família,
trouxe desgraça e condenação para toda sua casa (Josué 7).
Semelhantemente,
quando um pai de família comete infidelidade para com sua esposa e filhos, ele
está submetendo toda sua família às consequências do seu pecado. A Bíblia é
categórica em dizem que Deus não tolera o pecado, e que a iniquidade nos afasta
de Deus. Como você acha que poderá atrair a benção de Deus sobre a sua casa, se
você estiver afastado dEle por causa do seu pecado?
Então,
resolva isso. Feche a porta. Repare a brecha. E fazer isso é simples:
“O que encobre as suas transgressões nunca
prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv 28:13).
“Se confessarmos os nossos
pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda
injustiça”
(1Jo 1:9).
E
lembre-se, arrependimento não é remorso, e sim, mudança de atitude. Então,
recalcule a rota, levanta-se, e siga firmemente pelo caminho da santidade.
“Um caminho largo atravessará a terra
antes desabitada e será chamado Caminho de Santidade; os impuros jamais
passarão por ele. Será somente para os que andam nos caminhos de Deus; os tolos
jamais andarão por ele” (Is 35:8).
2.2 Amabilidade
“O
seu falar é muitíssimo suave; sim, ele é totalmente desejável. Tal é o meu
amado, e tal o meu amigo, ó filhas de Jerusalém”. (Ct 5:16)
O livro de Cantares demonstra o
romantismo que deve haver no relacionamento conjugal. No versículo destacado
acima, a mulher está testemunhando que seu homem era amável (por isso ela o
chama de “amado”), e romântico (seu falar é suave), e amigo.
O homem como marido deve ser romântico,
atencioso, prestativo e amigo.
Seja romântico. O romantismo
deve ser desenvolvido. Ele não surge do nada. É necessário dedicação,
insistência, investimento, e intencionalidade. O marido que deixa para ser
romântico só nas datas especiais, geralmente falha nas datas especiais. Seja
romântico o ano inteiro, todos dias, o máximo que puder. Seja romântico e
carinhoso nas atitudes diárias, e planeje atitudes românticas que sejam
diferentes das que já fazem parte do seu dia-a-dia. Vez por outra, é preciso
inovar e surpreender.
Seja atencioso. Seja
detalhista. Mesmo que isso não seja próprio da sua personalidade, esforce-se
para desenvolver essa habilidade. Procure prestar atenção em sua esposa. Do que
ela gosta? Qual o número do sapato dela? Qual tipo de perfume ela gosta? Que
tipo de filme a atrai? Ela cortou o cabelo hoje? Por que será que ela te chutou
por baixo da mesa? (risos)
Seja prestativo. Tome a
iniciativa. Faça tudo que estiver ao seu alcance. Ajude-a o quanto você puder
com as atividades e responsabilidades dela; e, principalmente, não seja relapso
com as suas. Troque a lâmpada queimada. Resolva o problema da goteira. Faça o
café. Lave aquela louça. Acredite, isso não vai diminuir a sua masculinidade.
Pelo contrário, vai fazer sua “moral” ir lá em cima com ela. Pode ter certeza de
que “a recompensa” fará tudo valer a pena (risos).
Seja amigo. Converse com sua
esposa. Não existe amizade sem diálogo. Ouça-a (mesmo que ela seja daquelas que
fala muito ⸺ risos). Ouça-a de
verdade, com atenção. Esforce-se para isso. Ouvir com atenção é acolher o
coração dela, é suprir as carências, é dividir a carga, é aumentar a
cumplicidade, é fortalecer a fidelidade e a intimidade, é proteger o casamento.
Como amigo, valorize os sonhos e
aspirações da sua companheira. Há maridos que anulam suas esposas. Isso joga
para dentro do coração delas uma carga de frustração que esvai todas as forças
da paixão. As consequências geralmente são as mais terríveis que se pode
imaginar.
Entenda que sua mulher não casou com
você só para fazer sexo com você. Se para o homem, casamento é 90% sexo, para a
mulher, só 10% é sexo. A amizade, a cumplicidade, a rotina dividida com carinho
é muito mais importante para as mulheres; e é isso que sustenta o amor.
2.3 Provedor
“Do suor do teu rosto comerás o teu pão...” (Gn 3:19)
É errado a esposa trabalhar fora e
ter “seu próprio” salário? Claro que não. Em Provérbios 31, vemos uma mulher
virtuosa que também ganhava dinheiro e somava com a prosperidade da casa (Pv
31:16). Porém, se formos honestos na leitura da Bíblia, veremos claramente que
a responsabilidade do sustento da casa é do homem.
Há exceções? Sim. Um homem pode
passar por algum tipo de problema físico, por exemplo, que o impeça de
trabalhar. Mas exceção não é regra.
Na grande maioria dos casos, o
trabalho da mulher não é necessidade, e em grande parte deles, tal atividade
profissional acaba por comprometer a qualidade de vida da família. Uma casa
abandonada durante 10 horas por dia, filhos nas mãos de outras pessoas durante
o dia inteiro, representam sim, por mais difícil que nos seja admitir, um
quadro preocupante.
Isso não quer dizer que todas as
famílias nessa situação acabarão ruindo em desgraças mais cedo ou mais tarde,
mas é seguro afirmar que esses fatores têm sido determinantes no fracasso que
inúmeras famílias.
Seja como for, nada pode alterar a
regra bíblica de que o sustento da casa recai sobre os ombros do homem, não da
mulher. Portanto, se for necessário que um dos dois abra mão do trabalho
profissional, é aconselhável que a mulher o faça, para dedicar-se integralmente
ao trabalho do lar.
É importante ainda dizer que o
trabalho da mulher no lar não é menos importante do que o do homem, e que
também se trata de um ministério. Definitivamente, digníssimo, dificílimo, e
nobre é o trabalho e o ministério da mulher que se dedica integralmente à
família.
Dito isso, pondere as seguintes
palavras para melhor definir o papel do homem como provedor do lar.
Preguiça. Se tem uma coisa
que Deus não aceita é a preguiça. Um pai de família deve ser um trabalhador
dedicado e esforçado.
Fidelidade nas prioridades. A
fidelidade também se aplica às finanças. Seja um administrador fiel. Não
sacrifique seu compromisso prioritário com o Reino de Deus, com a igreja, e com
sua família, para gastar ou aplicar seu dinheiro com as suas necessidades e
vontades pessoais. Um pai de família que compra um carro caro (financiado), mas
não tem dinheiro para investir na saúde da família, na beleza da mulher, na
educação dos filhos, no futuro de todos, está sendo infiel, irresponsável,
tolo, e submetendo sua família a uma situação de risco. É preferível andar com
um bom carro popular, mais barato de se manter, e assim poder contribuir com o
Reino de Deus e investir na família.
Planejamento. Deus te deu
inteligência, então, é seu dever usá-la de modo a favorecer sua casa. Faça
contas. Tenho tudo na ponta do lápis. Estude sobre finanças, administração
familiar, mercado financeiro, etc. Saiba traçar metas a curto, médio e longo
prazos. Saiba dizer não, saiba dizer sim. Tenho objetivos bem definidos. Saiba
onde quer chegar e como chegar.
Transparência. Você esconda
seus gastos de sua esposa e filhos. Um homem de Deus não tem nada a esconder.
Unidade. Seu salário não é só
seu. O salário da sua esposa não é só dela. A renda é da família. E em última
análise, tudo é do Senhor; não só o dízimo, mas tudo é dEle.
2.4 Cabeça
“Pois
o marido é o cabeça da esposa, como Cristo é o cabeça da igreja. Ele é o
Salvador de seu corpo, a igreja. [...] Maridos, ame cada um a sua esposa, como Cristo amou a igreja.
Ele entregou a vida por ela” (Ef 5:23, 25 NVT)
Meu
pai, Pr. Esequiel Carvalho, dizia: “Marido, Deus te chamou para ser cabeça, não
cabeção”. Quando a Bíblia diz que o marido é o cabeça da esposa, não
está lhe dando autorização para ser autoritário, ditador, carrasco. Não,
absolutamente. Aqui, a expressão “cabeça” significa liderança.
Para
começo de conversa, a liderança bíblica, especialmente se olharmos para o
exemplo de Jesus, nunca deixará de ser uma liderança servidora (Jo 13:1-17).
Além
disso, a liderança bíblica e cristocêntrica é essencialmente uma liderança
sacrificial. Por isso Paulo disse que o marido deve amar a esposa como Cristo
amou a igreja, ao ponto de entregar-se por ela na cruz.
Marido,
você foi instituído por Deus como cabeça, ou seja, você é líder, você é aquele
que ama e se sacrifica até as últimas consequências ⸺ até o fim (1Co 13:7-8).
Ser
líder também significa ser responsável. Hoje em dia, o que tem de marido
que acorda as 10:30 “da madrugada”, é viciado em videogame, futebol, pipa,
pornografia, hobbies em geral, é de assustar. Não é pecado jogar videogame,
obvio, mas deixar de cumprir com seus deveres por causa disso, é lastimável. Há
homens que gastam o tempo com internet (celular, redes sociais, etc.), e
negligenciam seus compromissos como homens de Deus, maridos excelentes, e pais
maduros. A infantilidade está tomando conta de muitos homens. Liderança
irresponsável não existe.
Se
você exercer sua liderança com responsabilidade, excelência e amor, sua autoridade
como pai de família e como cabeça da mulher será natural,[1] inquestionável,
e louvável. Sim, todos em sua casa vão até mesmo elogiar sua autoridade, vão inclusive
solicitá-la frequentemente, pois ela lhes fornecerá amor, segurança, paz,
proteção e direção.
3- O HOMEM COMO PAI ⸺ AMAR OS FILHOS
Deus é Pai, e criou o homem para ser
pai; não somente para encher e povoar a terra, mas também para transferir o Seu
caráter, amor e identidade, de geração em geração.
3.1
Ensinar
“Ensina a criança no caminho em que deve andar; e mesmo quando
envelhecer não se desviará dele” (Pv 22:6)
O
homem como pai deve ensinar seus filhos pelo exemplo em primeiro lugar, e de
todas as formas possíveis.
O exemplo é o rosto do caráter.
O que os seus filhos estão vendo em você? Não raras vezes, cometemos o erro de
ensinar com as palavras e desconstruir nosso ensino verbal através do nosso
ensino exemplar. Isso é como andar numa esteira ⸺
você nunca sai do lugar.
Portanto,
seja respeitoso e gentil com sua esposa, e com eles. Seja moderado no seu tom
de voz e refinado no uso de suas palavras. Seja honesto em tudo. Seja
trabalhador. Seja fiel. Seja amoroso e carinhoso. Seja um leitor dentro de
casa. Com essas atitudes você estará ensinando aos seus filhos as
preciosíssimas lições do respeito, da gentileza, temperança, etiqueta,
honestidade, responsabilidade, fidelidade, amor, estudo, etc.
Ensine
através das palavras também. O exemplo vem antes, mas as palavras vêm
logo em seguida. Você precisa conversar francamente com seus filhos e dizer a
eles o que eles precisam saber. Fale sobre a Bíblia extraindo delas as lições
para a vida. Compre bons livros e utilize-os. Seja um conselheiro. Saiba usar
as palavras em seu favor.
Ensine
aplicando a disciplina bíblica. A Palavra de Deus nos delegou a
responsabilidade de disciplinar nossos filhos quando necessário, de forma
sábia, amorosa, e firme. Não acredite nas mentiras de hoje. Dizem que a
disciplina bíblica é antiquada, ultrapassada. O resultado dessa falácia é essa
sociedade caótica, doente, e o número assustador de famílias disfuncionais,
desestruturadas, e destruídas de hoje em dia. A Bíblia continua certa como
sempre. “A insensatez está ligada ao coração da
criança, mas a vara da disciplina a livrará dela” (Pv 22:15 NVI).
Veja que o versículo associa a disciplina da
vara à duas coisas: uma faixa etária e um propósito. A faixa etária é a
infância, e o propósito é a sensatez. Ou seja: a disciplina da vara não deve
ser aplicada sobre filhos jovens, somente sobre crianças. E o propósito revelado
no versículo existe justamente para que não se cometa o erro de “bater por
bater”. Nunca faça isso com raiva. Faça com amor, movido pelo propósito.
Mesmo sobre a vida da criança, a vara não deve
ser utilizada sem o diálogo. É necessário conversar, explicar o motivo de tudo,
a base bíblica do que você está fazendo, e o propósito. Não subestime a
inteligência dos seus filhos. Por mais novinhos que eles sejam, explique. Faça
isso sempre. Veja que, ao longo do livro de Provérbios, “Salomão casa a
comunicação extensiva com o uso da vara. Ambas são essenciais na criação
bíblica de filhos”.[2]
Quanto mais eles crescem, mais claro e amplo vai ficando esse entendimento
neles. Quando eles chegarem à fase da adolescência, quando você não poderá mais
utilizar a vara, ficará muito mais fácil e eficiente discipliná-los “apenas”
através do diálogo e das restrições (retirar privilégios temporariamente, etc).
Pode parecer que não, mas seus filhos não
querem que você seja apenas o pai legal, divertido e amoroso. Eles também
querem o pai líder, firme, homem, que tem autoridade. Eles precisam disso.
A autoridade paterna fornece segurança e direção ao lar.
Ser
pai é ser professor, em tempo integral. Seja um discipulador de Jesus para seus
filhos, conduzindo-os ao Senhor.
3.2
Cuidar
“...
os filhos são herança do Senhor...”
(Sl 127:3)
O que você faria com uma herança que
não lhe pertencesse, pela qual você teria de prestar contas? Você cuidaria dela,
claro.
Ser pai é ser cuidador. O cuidado é
a expressão diária do amor. Quem ama cuida.
O cuidado de um pai inclui proteção.
Desde pequenos acidentes domésticos, até as difíceis escolhas da vida, um pai
se preocupa em proteger os filhos, tanto quanto lhe for possível, a fim de
livrá-los de sofrimentos que poderiam ser evitados.
É claro que ser cuidador não é ser
superprotetor, mas também não significa ser omisso. O Pai celestial não foi um
superprotetor. Ele entregou Seu Filho unigênito nas mãos de um casal pobre e
inexperiente ⸺ José e Maria. Deus não livrou
Jesus das dores do mundo, mas também não deixou de protegê-lo sempre que
necessário, como quando avisou José que Herodes queria matar o menino. Nesse
assunto é necessário equilíbrio.
Cuidar também significa suprir as
carências dos filhos, pois não supri-las é o mesmo que expor os filhos a uma
situação de vulnerabilidade diante dos perigos da vida.
Não me refiro somente às
necessidades básicas, como roupa e comida, mas a todas as necessidades dos
filhos como pessoas. O coração deles precisa ser suprido de amor, carinho,
afeto, amparo. A mente deles precisa ser suprida de conhecimento, sabedoria,
conselhos, direcionamento, instrução. As emoções deles precisam ser supridas de
amor, mas também de respeito, liberdade proporcional à idade e às demandas da
vida, confiança, referência. Um pai referência é como um cais, um porto seguro,
para onde os filhos sempre poderão voltar quando, por algum motivo ⸺
seja ele legítimo ou não ⸺ se afastarem. É como
aquele farol que não sai do lugar. Os filhos sabem que o pai sempre está lá,
pois ele é firme, estável, seguro, constante, confiável, e sempre aberto para
receber o pródigo.
3.3
Afirmar a identidade
“Como
flechas na mão do valente, assim são os filhos...” (Sl 127:4)
É o arqueiro que determina a direção
para onde a flecha vai, não a flecha. Assim também, o pai tem o dever de
apontar a direção de Deus para os filhos.
Para tanto, o pai precisa ter
comunhão com Deus, conhecimento da Palavra e sabedoria celestial. Além disso, o
pai precisa esmerar-se em conhecer bem seus filhos, suas aspirações, suas
personalidades, seus pontos fracos e fortes, seus corações e aspirações. Este é
o quadro que deve estar bem nítido diante de um pai, para que ele possa ser
como um bom guerreiro munido de uma aljava cheia de flechas, dando a elas a
direção certa.
Isso quer dizer que o pai vai tomar
todas as decisões pelos filhos e suprimir-lhes a liberdade? Claro que não.
Significa, antes, preparar a terra,
plantar sementes, mostrar as opções e suas consequências, os caminhos e seus
destinos. E sobretudo, significa afirmar a identidade de cada um dos filhos.
Engana-se quem pensa que é somente a
mão que firma a identidade da filha como menina; por incrível que pareça, o
poder que o pai tem de firmar a identidade da filha como menina é ainda maior
que o poder da mãe. Tal é a importância do papel do pai na revelação da
identidade dos filhos. A filha vai observar o tratamento que o pai dispensa à
mãe, vai observar o que faz com que a mamãe agrade o papai, isto é, o que atrai
o papai, e vai ouvir com muita atenção o que o papai diz a ela, a filha. A
menina vai procurar aquilo que a completa, e o pai será seu primeiro alvo. Ele
é diferente da mãe, ele tem o que ela não tem, ele é aquele de onde ela veio ⸺
Eva foi criada a partir da costela de Adão. Essa ligação é forte demais, é
maior que a ciência, maior que qualquer ideologia, pois foi plantada pelo
criador.
Igualmente, é o pai que afirma a
identidade do filho como menino. Incrivelmente, o menino não vai, num primeiro
momento, procurar aquilo que lhe falta, mas, em maior intensidade, ele vai procurar
primeiramente por aquilo nele mesmo que lhe permitirá gerar o que ele só vai
procurar anos mais tarde. Dentro dele mesmo está uma resposta que ele ainda
desconhece, mas sente sua presença. Sua costela lhe está oculta. Então, o
primeiro que ele vai vislumbrar será aquele que já passou por esse processo,
seu pai, que já tem sua mulher. Não é divagação especulativa. É um princípio
espiritual do qual ele não pode fugir. Primeiro ele precisa ser completo em si
mesmo, a partir de seu relacionamento com o pai, como o foi Adão com Deus antes
de Eva.
É claro que a mãe também tem um
papel importantíssimo na formação da identidade do menino como menino e da
menina como menina, mas, em maior proporção, esse peso recai sobre os ombros do
pai.
Pai, chame o seu filho de filhO,
filhão, príncipe, garotão, campeão, leão, etc. Chame sua filha de filhinha,
princesa, linda, flor, etc. Brinque com eles, converse com eles, cative o
coração deles, e desvende o amor e a Palavra de Deus para eles.
Observação
importantíssima: é indispensável e extremamente
necessário ler bons livros sobres tais temas, buscando sempre a instrução da
Palavra para sermos homens segundo Deus. Essa apostila é só um início, um ponto
de partida. Pesquise, compre e leia bons livros para pais, maridos, etc.
4- O HOMEM COMO PASTOR ⸺ AMAR A FAMÍLIA
Nesta última sessão o foco é
espiritual com vistas a toda família; ou seja, o papel espiritual que o homem
deve exercer como, simultaneamente, marido e pai.
4.1
Seja visto em oração
Lembro-me de, muitas vezes, acordar
de madrugada com as mãos do meu pai sobre a minha cabeça, orando por mim. Eu
cresci vendo meus pais orando, lendo a Bíblia, cantando louvores, frequentando
os cultos, ministrando nos cultos, exercendo o ministério. Isso me marcou e me
influenciou profundamente. Quando criança, bem criança, de vez em quando eu
pensava algo assim: “Tem que ter alguma coisa de muito boa em Jesus para os
meus pais gostarem tanto dEle”. Não sem razão, tive minha experiencia de novo
nascimento muito cedo; para ser exato, no dia do meu aniversário de 11 anos ⸺
1° de Julho de 1997.
Quando eu oro, faço questão de
deixar a porta do quarto encostada. Meus filhos, quase sempre, entram no
quarto, sobem nas minhas costas, na minha cabeça, fazem de contas que eu sou um
escorregador, depois pedem para eu orar por eles; então eles se cansam e vão
para outro canto da casa brincar ⸺
finalmente me deixando “em paz” para orar.
O poder da oração é inegável. Eu
poderia contar centenas de testemunhos comprovando isso. Não há nenhuma outra
maneira tão poderosa como essa de exercer sacerdócio em favor da família. Ore
por sua esposa, ore por seus filhos, ore por você mesmo. Acredite se quiser,
Deus tem a estranha mania de responder às nossas orações. E mesmo quando Ele
não responde, Ele o faz para o nosso bem. E nessas ocasiões, Ele pode até nos
negar a resposta ou o milagre que solicitamos, mas Ele nunca nos negará Sua
graça. Então, ore. Ore o máximo que puder, e mais que isso, pelo menos uma vez
por dia, seja visto em oração.
4.2 Seja visto
meditando na Palavra
A Palavra de Deus será a luz para
você e sua família (Sl 119:105). O amor pela Palavra gera temor de Deus. A
palavra traz-nos sabedoria, e fornece as respostas mais importantes que sua
esposa e filhos muitas vezes necessitarão; ela nos protege. A palavra nos
santifica. Firmada sobre a obediência à palavra de Deus, uma família permanece
e prevalece sobre as intempéries da vida e hostilidades humanas e
diabólicas.
4.3 Promova os cultos
domésticos
Talvez você não tenha recebido de
Deus o chamado específico para pastorear uma igreja (instituição), mas todo
homem, todo marido, todo pai, foi chamado para pastorear sua família.
Neste quesito, uma das iniciativas
mais importantes que você pode ter é promover os cultos domésticos, os
devocionais diários. As famílias cristãs enfraqueceram muito quando abandonaram
o culto no lar. Limitar-se aos cultos na igreja é um grande prejuízo. Assim
como não devemos renunciar aos cultos na igreja em hipótese alguma, não devemos
abandonar os cultos caseiros.
Você não precisa fazer um culto de
uma hora todos os dias com sua família. Não mesmo. O ideal é que todos os dias
a família tenha em devocional de 5 minutos, e num dos dias de semana um culto
um pouco mais longo e intenso.
Fazendo isso você vai gerar uma
ambiência espiritual no lar, uma atmosfera de adoração propícia para a
manifestação de Deus, para as experiências com o Senhor, e para o crescimento e
amadurecimento da fé.
PARA CONCLUIR
Como posso fazer tudo isso? Será que
tudo isso não é demais para mim? Seria se você fosse fraco, mas você não pode
se dar ao luxo de ser fraco. O mandamento de Deus para você é “seja
forte”. (Js 1:6)
Talvez você me pergunte: “De onde
arranjarei tamanha força”? A resposta não poderia ser outra: “O
Senhor é a minha força e o meu
cântico; Ele é a minha salvação” (Sl 118:14).
Creia nisso. Aproprie-se pela fé
desta dádiva que Cristo conquistou para você na cruz. Por Sua graça, Ele lhe
preparou um banquete santo, e um dos pratos é esse, “força espiritual” para ser
um homem valente, um vencedor. Não abra mão disso. Seja um homem de Deus. Seja
um filho obediente do Pai ⸺ Aba, um marido que
ama a esposa como Cristo amou a Igreja, um pai habilidoso com suas “flechas”, e
um pastor segundo o coração de Deus para a sua família.
Seja forte, seja homem.
SOBRE O AUTOR
Éder Carvalho é bacharel em Letras, bacharel em Teologia EaD, além
de Pós-Graduado em Aconselhamento Cristão.
Éder Billy Carvalho é marido da Monique, pai da Hellen e do
Nicolas.
Pastor ordenado pela CIADESCP, membro da IEADJO, discipulador,
ministro de louvor, pregador e palestrante.
Site: https://linktree.com.br/new/edercarvalho
Youtube: www.youtube.com/canaledercarvalho
[1]
Não forçada ou imposta.
[2]
TRIPP, Ted. Pastoreando o coração da criança. São José dos Campos, SP: Fiel,
2017. p.115.
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