A NECESSIDADE DE UM NOVO ÊXODO



INTRODUÇÃO

            A Bíblia registra dois grandes êxodos do povo de Israel.

            O 1° está registrado no livro do Êxodo, quando o Senhor, através de Moisés, libertou Israel do Egito, para que eles pudessem ir para Canaã, a terra prometida. 

            O 2° grande êxodo aconteceu quando Ciro (rei da Pérsia) divulgou um decreto em todos os domínios do seu reino, enviando de volta a Sião, o povo de Israel que estava cativo na Babilônia. 

            O 1° êxodo foi:

Geográfico: Pois Israel saiu do Egito e foi para a terra de Canaã. Houve uma mudança de endereço, portanto, este foi um êxodo geográfico.

Político: O povo tornou-se livre do domínio de qualquer nação, e teve a liberdade de escolher e construir seu próprio jeito de ser estado. A administração era própria e Israel não precisava pagar imposto a nenhuma outra nação. Ou seja, este foi também um êxodo político.

Espiritual: Deus fez uma aliança com o povo, deu-lhes Sua lei, e o povo fez uma aliança com Deus. Isso deixa claro que um dos aspectos deste êxodo foi espiritual.

            O 2° êxodo foi:

Geográfico, também: Pois os cativos saíram da Babilônia e voltaram para Canaã, novamente houve uma mudança de endereço.

Espiritual, também: O povo retomou sua aliança com Deus, o que está descrito no texto de Neemias 10 e 29.

Mas este Não foi um êxodo político: Pois o povo não recebeu independência total. Deixou de ser dominado pela Babilônia, mas passou a ser dominado pela Pérsia.

O Messias

“No princípio era aquele que é a palavra. Ele estava com Deus e era Deus” (Jo 1:1).

“Mas, agora, finalmente, o Messias os resgataria num novo Êxodo que seria o clímax da história” [Dr. Tom Wright].

          Quando Jesus nasceu, os judeus estavam sob o domínio de Roma, mas pelo menos habitavam na sua terra, a Palestina.
            Jesus era o Messias anunciado nas profecias, e que segundo elas, libertaria seu povo. Nada mais lógico do que imaginar que ele viria para destruir Roma e restaurar o reino político à Israel. Mas, “que decepção”, Jesus não fez nada disso.
Os judeus queriam desta vez, um êxodo político (como o foi o 1°), e não parece que eles realmente desejavam um êxodo espiritual. Talvez porque não o julgassem necessário. Os escribas vinham fazendo um excelente trabalho de preservação dos pergaminhos sagrados. Os copistas eram meticulosos em suas transcrições das escrituras. Talvez, estes e outros fatores faziam com que eles não reconhecessem que precisavam de um êxodo espiritual. Eles não acreditavam que haviam se distanciado de Deus. Se fosse essa a verdade, realmente a missão que Jesus realizou teria sido inútil e sem o menor sentido. Mas, como entender a falha deste povo, falha esta que, ao que parece, nem mesmo eles perceberam? Basta constatarmos que eles rejeitaram o Messias e sua obra.
A Lei e os profetas, ou seja, toda a Escritura do Antigo Testamento, apontavam para Cristo. Rejeitar o Messias, é rejeitar a própria Escritura. Não se pode separá-los. Os doutores da Lei souberam informar a Herodes o local do nascimento de Jesus, demonstrando grande conhecimento das Escrituras, citando a fonte sagrada para tal informação. Mas eles mesmos não foram lá adorá-lo. Em total contraste a esta atitude, os magos vindos do oriente, que não tinham a mesma fé judaica e nem tinham as Escrituras sagradas como regra de fé e conduta, foram até Jesus e o adoraram. Ele veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus.   
Jamais os líderes religiosos dos judeus imaginaram que o Messias iria "destroná-los". O líder que eles esperavam lhes estenderia um tapete vermelho, e confiaria às suas mãos, grande parte de Sua obra. Quem sabe eles sonhavam em constituir o novo senado da nova potência mundial. Jesus no lugar de César, e eles no lugar dos senadores e governadores. Mas o que se constatou não foi nada disso. Jesus escolheu 12 homens comuns para serem seus discípulos, além de se afastar do círculo religioso/político dos fariseus, escribas, etc. Muitas foram as denúncias que Cristo fez da hipocrisia destes religiosos. Jesus dá as costas para os "sãos", e volta-se para os doentes.
O Senhor está sempre mais preocupado com o que precisamos do que com o que queremos, embora Ele sempre considere o que queremos. O fato é que O Messias queria realizar um êxodo espiritual. Assim sendo, ele disse:         

“E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará (Jo 8:32)”.  
“Respondeu Jesus: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida...’” (Jo 14:6).
“Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade” (Jo 17:17).
“Portanto, dêem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Lc 20:25).

            De fato foi isso o que aconteceu. A libertação que o Messias trouxe foi espiritual, por meio da verdade. Ele próprio é a verdade, a verdade é a Palavra de Deus, ele próprio é a Palavra, e ele é Deus (Jo 1:1). Assim sendo, Cristo deixou claro que sua vinda ao mundo é a vinda de Deus a nós. Ele veio para ser o caminho que nos levaria de volta para Deus.
Jesus fez questão de manter os judeus sob o domínio de Roma, não porque não pudesse libertá-los, nem por puro prazer, obviamente. Acontece que Deus sempre sabe o que é melhor para nós. Israel já havia provado ao longo da história que não sabia conciliar poder político com piedade, liberdade política com glorificação a Deus. De certa forma, Jesus estava dizendo: 
“Contentem-se com isso; dêem a César o que é de César. Dele é o domínio político sobre vocês. Dele é o imposto sobre o que vocês ganham. Eu vim para que vocês possam dar a Deus o que é de Deus, a saber, seus corações. Só Ele, O Senhor é digno de receber suas vidas. Foi para isso que eu vim, para buscar e salvar o que se havia perdido. Destruirei o pecado que os separa de Deus e serei o caminho que os levará de volta para Ele.”

A necessidade de um novo Êxodo

         Hoje, nós, no Brasil, vivemos liberdade religiosa e política. Não precisamos de um êxodo nesse sentido, como necessita a Coréia do Norte, por exemplo (embora necessitemos sim de uma reforma política em busca da justiça, mas estou refiro-me à liberdade de culto da qual gozamos hoje). Mas, a grosso modo, precisamos urgentemente de um grande êxodo espiritual. É tempo de restauração, tempo de voltarmo-nos para a Palavra! Cristo é Palavra, a Palavra é a verdade, Cristo é a verdade, e ele (Cristo) é Deus (Jo 1:1; Jo 17:17; Jo 14:6).


Evidências de que necessitamos de um êxodo:

A deturpação da mensagem bíblica: A mensagem da bíblia tem sido adulterada pela grande parte de nossos pregadores. Combatendo esta tragédia, Paulo disse: “pregue a palavra (II Tm 4:2).” É a questão do texto fora de contexto. Não fomos chamados para sermos inovadores, pois a mensagem bíblica não necessita da nossa inovação. 

O desprezo às Sagradas Escrituras: Estamos vivendo um lamentável e vergonhoso abandono e desprezo pela bíblia.
Um certo missionário, quando depois de muitos anos de espera recebeu uma Bíblia traduzida para o dialeto do seu povo, beijando a bíblia e chorando copiosamente disse: “Eu me deixaria fuzilar por este livro.”    
            Nosso desprezo pela bíblia prejudica a nós mesmos:


“Nunca vi um cristão útil que não seja estudante da Bíblia. Não existem atalhos para a santidade [A.W. Tozer].”

“Ou este livro me afasta do pecado ou o pecado me afastará deste livro [D.L. Moody].”

"O que seria do crente sem a Bíblia? Ela é o mapa seguro que o livra da areia-movediça do engano e destruição [C.H. Spurgeon].”


A Bíblia e a Palavra

            Se nos voltarmos verdadeiramente para a Bíblia, estaremos nos voltando para Deus. A Bíblia, bem compreendida, é a Palavra, e a Palavra (Verbo) é Cristo (Jo 1:1). É claro que há uma tênue divisa entre o conceito de palavra como bíblia e palavra como Cristo. Mas, no fim, após a busca profunda, descobrimos que não podemos separar Deus da Palavra, nem a Palavra de Deus.
           
O que acontecerá se rejeitarmos o êxodo espiritual de Cristo

Jerusalém, Jerusalém! que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes eu quis ajuntar teus filhos como uma galinha ajunta os do seu ninho debaixo das asas, e vós não o quisestes! Eis que a casa de vocês ficará deserta (Lc 13:34-35).

            Os judeus rejeitaram o Messias porque não o reconheceram como tal. Para eles, Jesus não era o Messias, justamente porque ele não prometeu devolver-lhes o poder político e a autonomia de estado que tanto almejavam. A visão meramente política que eles tinham da obra de Deus, custou-lhes a destruição da cidade e do templo, o que ocorreu no ano 70 d.C sob o comando de Titus Flávius. Jesus veio trazer vida abundante, amor, salvação e graça, mas não era isso o que eles queriam.
            Se rejeitarmos o êxodo espiritual que Senhor quer realizar hoje, levando-nos de volta a Ele e Sua palavra, a destruição virá.
            Pode ser que continuemos a existir como instituição, mas o candelabro será removido do nosso meio (Ap 2:5). Precisamos urgentemente nos arrepender e praticar novamente as primeiras obras de amor. É tempo de aceitarmos o êxodo espiritual de Cristo e voltar a Deus e Seus princípios eternos. 

CONCLUSÃO

            Não precisamos de um êxodo geográfico ou político, mas precisamos nos voltar para Deus e Sua Palavra com sinceridade de coração.    
Esta é a vontade de Deus, e se a rejeitarmos, a destruição virá, portanto, voltemo-nos à Cristo.

Éder Billy Carvalho
A Todos, Abraços e Paz!!!

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