O desafio do pastorado

 

No dia 12/07/2021 fui ordenado pastor pela CIADESCP, por indicação do meu pastor presidente, Sério Melfior, presidente da IEADJO, igreja na qual congrego e à qual sirvo com muita alegria.

Estou meditando e orando ao Senhor a respeito deste peso que agora recai sobre meus ombros, o de ser um pastor segundo o coração de Deus.

Deixar-me-ei guiar por dois versículos bíblicos de Hebreus (13:7 e 13:17), que falam sobre o perfil de um pastor, no intuito de identificar pelo menos alguns dos mais importantes princípios espirituais que devem reger o ministério de todo pastor do rebanho de Jesus na face da terra.

Vejamos:

“Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver” (Hebreus 13:7).

Se este versículo chega ao ponto de exaltar e evocar a memória de determinados líderes, significa dizer que o exemplo deles deve ser seguido fielmente. Ou seja, estamos diante de um perfil pastoral que trará ricas lições para nós.

A primeira característica desses líderes é que eles falavam a palavra de Deus, ou seja, pregavam com fidelidade as Escrituras Sagradas. Sem dúvida, um pastor segundo Deus não pode pregar segundo os homens. Os homens têm seus próprios discursos, suas próprias filosofias de vida, e a maioria deles é totalmente oposta à Palavra de Deus. Não é a palavra dos homens que cura (Sl 107:20), liberta (Jo 8:32), e ilumina (Sl 119:107), e sim a Palavra de Deus. Portanto, indubitavelmente, como pastor segundo o coração de Deus, devo conhecer, amar, obedecer, e pregar a Palavra de Deus como ela é.

A segunda característica que aparece aqui é a fé desses líderes. Pastores devem ser homens de fé. Em um mundo de incertezas, onde as pessoas estão perdidas, cheias de si mesmas, acreditando em seus próprios recursos e em seus próprios deuses, é necessário que tenhamos homens de fé pastoreando o rebanho de Cristo. Pastores são homens que não se deixam levar pelas seduções da razão corrompida nem pela religiosidade pervertida, mas permanecem firmes na fé simples em Cristo Jesus e em Sua palavra.

A terceira característica dos pastores segundo Deus é que sua fé e seu caráter são exemplares. A conduta deles é ilibada e merece ser seguida. Eles não são incoerentes, não são hipócritas, não são falsos, mas são verdadeiros, íntegros, e transparecem o caráter de Cristo em toda sua maneira de viver. Sua vida é um hino de louvor a Deus.

 

Vamos ao segundo versículo:

 

“Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil” (Hebreus 13:17).

 

A primeira característica que quero destacar aqui é que o pastor deve zelar pela alma das suas ovelhas, sabendo que haverá de prestar contas a Deus por elas. Em outras palavras, o pastor não é um mero influenciador social, um cara legal que conquista a afeição das pessoas, e que faz com que elas sempre se sintam bem. Muito mais que isso, ele é alguém que deve conduzir o rebanho por um caminho de vida e não de morte. Deve lutar contra os lobos e todo tipo de perigo para proteger o rebanho. Sempre que necessário, ele terá o dever de ser aparentemente inconveniente, quase que desagradável, ainda que da forma mais polida e amorosa possível, mas sincera e assertiva na correção e na exortação. Afinal, as implicações do seu pastoreia atingem a dimensão da alma das ovelhas, e a alma não tem prazo de validade, mas projeta-se para a eternidade.

A segunda característica é que o pastor deve lembrar-se constantemente que as ovelhas não são suas, mas do sumo Pastor Jesus, pois ninguém precisa prestar contas daquilo que é seu. Se o pastor sabe que um dia prestará contas, então ele sabe que as ovelhas não pertencem a ele, mas ao Senhor Jesus. O ministério do pastor não tem a ver com poder, mas com serviço. Ele cuida de algo que não é dele. Ele serve ao Senhor e ao rebanho, para glória de Deus.

A terceira e última característica que quero expor é a alegria. O pastor deve saber que, não será bom para o rebanho ⸺ nem para ele ⸺, se ele desempenhar seu ministério sem alegria, gemendo e lamentando-se. É necessário servir ao Senhor e à Igreja com alegria. Este mandamento é exposto pelas escrituras exaustivamente. Servir ao Senhor sem alegria é pecado. O pastor deve vigiar e sondar constantemente seu próprio coração, afim de não admitir que lhe falte prazer e satisfação em Deus e em sua vontade, no exercício da sua missão.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Minha oração e meu propósito é exercer o pastorado com fidelidade à Sua Palavra, com fé, com caráter cristão ilibado, com zelo pela alma das ovelhas de Jesus, lembrando que a Igreja é do Senhor e não minha, e com o coração cheio de alegria.

            Sei bem que somente o Senhor pode me dar graça para isso. A mim cabe a obediência, a disciplina, o empenho. Mas até para fazer minha parte eu necessito da graça do Senhor. Sem Ele eu nada sou. Estarei sempre clamando, e confiando em Deus, para minha vida seja assim, conforme sua palavra.

            “Óh, faz de mim, Senhor, um pastor segundo o Teu coração”.