Tríplice revelação de Cristo: identidade, missão e glória

IDENTIDADE, MISSÃO E GLÓRIA
(Mt 16:13-17; Mt 16:21-23; Mt 17:1-8)

IDENTIDADE

Cristo, o alvo da contradição:
Lucas 2:34
E Simeão os abençoou, e disse a Maria, sua Mãe: Eis que este é posto para queda e elevação de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição.
            Talvez tenha sido difícil crer que aquele bebê tão frágil fosse, no futuro, causar tanto alvoroço, tanta discórdia e contradição. Mas a profecia de Simeão se cumpriu na íntegra. Jesus se tornou famoso, e os paparazzi, fãs, inimigos e as multidões da época não conseguiam chegar a um consenso sobre sua verdadeira identidade. Uns diziam que ele era João Batista, Elias, Jeremias. Outros diziam que era glutão, beberrão, amigo de publicanos e pecadores, ministro de Belzebu e outras coisas absurdas. Jesus parecia não se importar com este fato. Ele sabia que era alvo de contradição justamente porque era autêntico, veraz e “incomum”. Ele sabia que o “deus deste século (satanás)” havia cegado o entendimento das pessoas. Mas existia um grupo em especial no qual Jesus não toleraria esta contradição a respeito de sua identidade, seus discípulos escolhidos. Estes precisavam conhecer a Jesus, do contrário, não seriam verdadeiramente discípulos.
            Com isso aprendemos que sem um profundo conhecimento de Deus, não poderemos impactar o mundo com o poder do evangelho. A missão só pode ser bem sucedida se o missionário conhecer bem a identidade daquele que o enviou. Por esta razão, Jesus faz a seus discípulos (eu e você) uma pergunta pessoal, íntima e constrangedora:    
            _ E vós, quem dizeis que eu sou?

O Pai revela a Identidade do Filho:
Mt 16:13-17
E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem?
E eles disseram: Uns, João Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas.
Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou?
E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu És o Cristo, o filho do Deus vivo.
E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne nem sangue que to revelaram, mas meu Pai que está nos céus.
            Jesus deixou claro que a definição precisa de Pedro à respeito da identidade de Cristo não foi simplesmente uma produção da mente de Pedro, mas uma revelação vinda de Deus.
            Nesta identificação, Jesus é apresentado como “O Messias”, “O Ungido”, e o filho do Deus vivo e não morto, o verdadeiro Deus.
A pedra sobra a qual a igreja é edificada não é Pedro, mas como, mais tarde, o próprio Pedro diz em seus escritos, a pedra fundamental é Jesus (I Pd 2:7). Coitados de nós se a pedra fundamental fosse Pedro, pois não haveria papa que poderia impedir o massacre satânico sobre nós. Sabendo que haveriam intérpretes que diriam que foi a Pedro que Jesus se referiu quando disse: “sobre esta pedra edificarei a minha igreja”, Pedro fez questão de escrever: “E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, A pedra que os edificadores reprovaram, Essa foi a principal da esquina...”. Cristo é a rocha que nos mantém. Estando nele, estamos seguros e temos paz com Deus. Nele, somos vencedores, nele o inferno não pode nos derrotar: “Graças, porém, a Deus, que em Cristo sempre nos conduz em trinunfo” (II Co 2:14).
Onde quer que haja um coração que reconheça a divindade do salvador Jesus, e a veracidade soberana do Deus vivo, aí está a igreja contra a qual as portas do inferno não podem prevalecer. Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo (Rm 10:9). Todo aquele que, em verdade, faz a verdadeira confissão da identidade de Jesus (a exemplo de Pedro), este é salvo e passa a fazer parte desta igreja que permanece inabalável para toda a eternidade.



MISSÃO



“Desde aquele momento Jesus começou a explicar aos seus discípulos que era necessário que ele fosse para Jerusalém e sofresse muitas coisas nas mãos dos líderes religiosos, dos chefes dos sacerdotes e dos mestres da lei, e fosse morto e ressuscitasse no terceiro dia.
Então Pedro, chamando-o à parte começou a repreendê-lo dizendo:
“_Nunca Senhor! Tem compaixão de Ti! Isso nunca te acontecerá!”.
Jesus virou-se e disse a Pedro:
“_Para trás de mim, Satanás! Você é uma pedra de tropeço para mim, e não pensa nas coisas de Deus, mas nas dos homens”. (Mateus 16: 21-23)

Foi em “Cesaréia de Filipe” (Mt 16:13) que Deus revelou através de Pedro a identidade de Seu Filho Unigênito - Jesus - como não apenas o Messias, mas, obviamente, como o próprio Deus.
Cesaréia de Filipe era um lugar de muita idolatria. Vários deuses pagãos eram adorados naquele lugar, inclusive o famoso Zeus. Jesus escolheu exatamente esse lugar para revelar sua identidade, para deixar bem claro que Ele é Deus acima de todos os "deuses'. Além disso, este fato deixa transparecer que a maior barreira para o conhecimento de Deus e de Sua identidade é a idolatria.

A Falsa Religiosidade X Missão  

Após a inspirada declaração de Pedro - Tu És o Cristo, o Filho do Deus vivo - Jesus começa a dizer aos seus discípulos que era-lhe necessário ir a Jerusalém, padecer nas mãos dos líderes religiosos, e então, morrer e ressuscitar.
Ele está agora revelando Sua missão. 
O Mestre entende que após seus discípulos compreenderem Sua identidade, chega o momento de começarem a compreender Sua missão. E esta consistia em ir a Jerusalém, sofrer nas mãos dos líderes religiosos da época, e vencer a morte na cruz.
O maior inimigo do conhecimento de Deus, como já vimos, é a idolatria, mas o maior inimigo da missão cristã, por incrível que pareça, são os líderes religiosos. A mais ferrenha oposição que Jesus enfrentou em seu ministério terreno não veio do povo, mas sim dos chefes dos sacerdotes e dos mestres da Lei.
O povo não é inimigo da missão cristã, o povo é carente dela. Quando o povo se posiciona contra nossa missão, o faz induzido por seus líderes religiosos, os verdadeiros inimigos.
Por que os líderes religiosos do tempo de Jesus eram inimigos de Sua missão? Porque não conheciam sua identidade. Eles olharam para Jesus e não viram nele o Messias de Deus anunciado nas Escrituras, por isso se opuseram a Ele.
Infelizmente, muitos dos atuais líderes da religião fizeram do cristianismo apenas mais uma religião; falta-lhes ainda o conhecimento profundo e íntimo de Deus. São ministros de estruturas, e não de vidas. Amam mais a glória dos homens do que a glória de Deus. Conhecem como poucos a arte da pregação, mas não conhecem o Deus de quem falam. Estão mortos para o sublime e puro amor e aprenderam a viver sem ele. Dirão a Deus naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu nome? E em Teu nome não expulsamos demônios? E em Teu nome não fizemos muitas maravilhas?” E o Senhor lhes dirá: “Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade” (Mt 7: 22-23)”.

A nossa missão         

A missão de Cristo implica na missão de Seus discípulos. Terminada a Sua missão na terra, antes de subir novamente aos céus, Jesus disse: “Ide, ... pregai, ... fazei discípulos, ...”. Após revelar sua missão no capítulo 16 de Mateus, Jesus então diz aos seus seguidores:
            “... se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16: 24).
            Se a missão de Cristo consistiu em morrer pela vida, a nossa é viver pela morte”.
            “Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, a encontrará” (Mt 16:25). 
Satanás diz: “...tem compaixão de ti...”, Deus diz: “...negue-se a si mesmo...”.
Negando-se a si mesmo, o homem encontra seu verdadeiro eu. Tendo compaixão de si, o homem encontra sua natureza caída, e perde a vida eterna, a verdadeira vida. Negando-se a si mesmo, o homem se reconcilia com Deus. Tendo compaixão de si mesmo e fugindo da cruz, o homem continua separado de Deus pelo pecado, sem paz e vida eterna, perdendo sua alma para Satanás.
Identidade e missão. Conhecer a Deus é o princípio, ser um de Seus missionários é o resultado e a conseqüência de conhecê-lo.
Que possamos conhecer a Deus e compreender Sua missão para nós, missão essa que é urgente e nobre. “Eis-me aqui Senhor, envia-me...”.


GLÓRIA




"Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e aos irmãos Tiago e João, e os levou a um alto monte.
E foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz.
E eis que lhes apareceram Moisés e Elias falando com ele. Então disse Pedro a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias.
Falava ele ainda quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo na nuvem, uma voz que dizia:
Este é o meu filho amado em quem me comprazo, a ele ouvi.
Ouvindo-a os discípulos, caíram de bruços, tomados de grande medo.
Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus dizendo: Erguei-vos e não temais!
Então, eles, levantando os olhos, a ninguém viram, senão Jesus" (Mateus 17. 1-8).

GLÓRIA

Apenas três discípulos viram Jesus transfigurado, pois o Mestre tomou apenas os mais íntimos. A maioria ficou no pé do monte, envolvidos em ativismo religioso infrutífero e ineficaz. Infelizmente, este quadro não mudou, poucos são os que conhecem a glória de Deus.
A cena era incrível! O rosto de Cristo resplandecia como o sol, suas vestes se tornaram brancas como a luz... simplesmente fascinante!
Então lhes apareceram Moisés e Elias - falando com Jesus. Moisés e Elias vieram para exaltar ainda mais a pessoa de Cristo, pois se voltavam para Ele, e não resplandeciam como Ele.
A Lei (Moisés) e os Profetas (Elias) se encontram em Jesus. Cristo é o centro para onde elas convergem. Os dois grandes ministérios do Antigo Testamento param para reverenciar aquele a quem tanto anunciavam e a quem tanto esperavam, Jesus, o Messias.
Então Pedro, fazendo o papel do "estraga prazer", mas com a melhor das intenções - creio eu - interrompe o diálogo dos três para dizer: "...bom é estarmos aqui... farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias".
Jesus nem precisou se dar ao luxo de responder a Pedro, pois o próprio Deus resolveu intervir escondendo Moisés e Elias, e deixando bem claro o que os discípulos ainda não haviam entendido: "Este é o meu filho amado (Jesus) em quem me comprazo, a ele ouçam".
Nem Moisés e nem Elias merecem a atenção e o olhar que devemos focar somente em Cristo, "olhando para Jesus, autor e consumador da nossa fé (Hb 12:2)". Foi para Cristo que Moisés no deserto direcionou os olhares dos israelitas levantando a serpente (Jo 3:14). Muito antes de Elias nascer, Moisés nasceu. Muito antes de Moisés nascer, Jesus, o Verbo eterno e o grande "Eu Sou" estava com Deus no princípio (Jo 1.1). Cristo estava com Deus quando tudo foi criado, e sem Ele, nada do que foi feito se fez. Cristo é maior que Jacó, maior que Moisés, maior que Elias, maior que Salomão, não há ninguém como Ele.
Fazer três tendas? Ora! Quando vamos entender que a glória de Deus não cabe nas nossas tendas? Até quando, de maneira mesquinha e arrogante vamos tentar aprisionar a glória de Cristo em nosso arraial? Quando vamos compreender o que diz a escritura: "... quem seria capaz de lhe edificar uma casa, visto que os céus e até os céus dos céus não o podem conter? (II Cr 2:6)".
Enquanto não tentarmos dominar a glória de Deus, poderemos vislumbrá-la, como o fizeram os discípulos por alguns instantes, afinal, a situação estava tranqüila ao ponto de Pedro se sentir à vontade para falar com Jesus. Mas quando tentarmos trazer a glória para dentro de nossas pequenas e medíocres tendas (nada contra  os maiores e mais luxuosos templos deste mundo), o terror do Senhor virá; "...os discípulos, caíram de bruços, tomados de grande medo". Tente roubar ou manipular a glória de Deus para ver se Ele vai dividí-la com você.
Para quem acha que Pedro foi uma decepção por ter começado tão bem quando disse: "Tu És o Cristo, o Filho do Deus vivo", mas depois ter sido usado por Satanás para tentar impedir a Missão de Jesus e agora ter demonstrado total desconhecimento da Glória dele, espere para ver o que ele disse anos mais tarde: "... bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória..." (I Pd 4:14). Pedro finalmente entendeu.
Imaginem Pedro lembrando de todo o processo.
Primeiro, O Pai lhe revela a identidade do Filho (Mt 16:16). Depois, Satanás lhe usa para tentar impedir a missão de Jesus (Mt 16: 22-23), e por fim, ele (Pedro) tenta construir uma tenda para a glória de Cristo (Mt 17:4).
É preciso conhecer a identidade de Cristo, para compreender Sua missão, e então dizer: "Eis-me aqui, envia-me..." (Is 6:8b). Foi envolto pela glória de Deus que Isaías entendeu que toda a terra está cheia de Sua Glória (Is 6:3b), e que, portanto, nossas tendas não a podem conter. Ainda mergulhado na glória, Isaías ouve o clamor do coração de Deus: "... A quem enviarei...?" (Is 6:8). Foi quando o profeta disse: "... envia-me!".
Tudo se completa na glória de Deus. Ela nos revela quem é Deus (v.3), Ela nos santifica (v.7), ela nos constrange (v.5), ela nos revela Sua missão, e é nela que decidimos ir ou não ir.
A trilogia está completa.
Tríplice revelação de Cristo: Identidade, missão e glória; Ou tudo ou nada!

A todos, graça e paz!!!


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Comentários

  1. Que benção saber que vc está seguindo os passos de seu pai, com mensagens da Palavra Éder. Deus te abençoe e tornei-me seu seguidor, acesse tb nossos blogs Observatório Teológico www.observateologia.blogspot.com e Blog do Discípulo www.creioeunabiblia.blogspot.com fica na PAZ!!!

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  2. Graça e Paz Dc. Éder Carvalho,

    Parabéns pelo seu blog e a mensagem em evidência. Seu ponto de vista é interessante e edificante. Uma dica, caso possa ser útil, é de usar outra cor para o fundo do blog ou da letra, pois essa entonação branco no preto embaralho um pouco a vista e cansa na hora de discorrer a leitura.

    Grande abraço!
    http://saulegoedert.blogspot.com/

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  3. Legal gente, gostei dos comentários...

    Participem sempre... acatei todas as dicas e vou tentar melhorar, com certeza. Mas tenham paciência porque eu não tenho muita facilidade com essas coisas, hehe. Graça e Paz a todos!!!

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