Apostila: "SEJA FORTE, SEJA HOMEM"

 


INTRODUÇÃO

 

Estou para seguir o caminho de toda a terra. Por isso, seja forte e seja homem”. (1Reis 2:2)

 

         Jamais vimos tanta confusão e filosofias malignas permeando a mente das pessoas quando o assunto é o significado e a verdadeira identidade do homem. Flagrantemente, o Diabo faz de tudo para destruir a figura do homem.

            A única fonte pura de revelação sobre a identidade do homem é a Bíblia. Somente através da Palavra de Deus podemos entender o que significa ser homem de verdade homem segundo Deus.

            Nesta apostila abordaremos o conceito bíblico de masculinidade sob 4 aspectos: 1) o homem como filho de Deus, 2) o homem como marido, 3) o homem como pai, 3) e o homem como pastor.

            É necessário esclarecer ainda que o foco desta apostila é explanar a identidade e o papel do homem no contexto da família, e não da sociedade, etc.


 

1- O HOMEM COMO FILHO DE DEUS AMAR A DEUS

Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. (Gênesis 1:27)

 

Antes de Adão tornar-se marido e pai, ele era filho de Deus, amigo do Senhor. Adão tinha um verdadeiro relacionamento pessoal com o Criador, antes mesmo da existência de Eva.

Ou seja, Adão já era um homem de verdade no melhor sentido da palavra , somente a partir de sua comunhão individual com o Senhor.

Essa é a base de tudo, entender o que significa ser filho de Deus.

 

1.1 Filho amado

Há muito que o Senhor me apareceu dizendo: ‘Com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atraí’” (Jr 31:3).

            O amor de Deus nos antecede. Ele sempre nos amou. Deus é amor, Deus é eterno, e com amor eterno Ele nos amou. Isso quer dizer que, mesmo antes de nascermos, antes de a terra ser criada, antes de qualquer “antes”, desde a eternidade, o Criador nos amou.

Ser consciente do amor de Deus por nós é estar livre do fardo do merecimento ou da culpa.

O fardo do merecimento faz você se esforçar para merecer o amor de Deus, e esse esforço fatalmente lhe afastará da dádiva de desfrutar o amor de Deus. Quanto mais você tenta merecer a graça, tanto mais você desaprende a desfrutá-la.

É aí que mora o perigo. Aquele que não desfruta o amor de Deus acaba por perder o sentido e o sabor da vida. Com o tempo, seu coração vai enchendo-se de rachaduras. O que era para ser doce se torna amargo. E quando uma de suas represas interiores se rompem, aqueles que estiverem por perto sofrerão gratuitamente. O homem preso pela meta do mérito sempre desconta, involuntariamente, sua frustração e cansaço, nas pessoas que mais lhe amam.

O fardo da culpa vem a reboque. Você se frustra por não atingir o nível de excelência exigido para agradar a Deus, e acaba punindo a si mesmo. Você não consegue se perdoar. Sua autoestima vai por água abaixo. Novamente, as pessoas mais próximas sofrem com seus espasmos malévolos; mas dessa vez, uma nova vítima se torna o alvo principal: você mesmo.

É por isso que você precisa primeiro resolver sua relação com Deus, deixar que Ele lhe revele quem você é, a saber, um filho amado.

Compreender-se como filho amado de Deus não lhe exime da responsabilidade de esforçar-se para ser melhor como pessoa, mas da tentativa de tentar ser melhor para só então merecer o amor de Deus. Receber a revelação de que é filho de Deus lhe fará colocar o carro atrás dos bois. Sua força motriz será a força certa, a única que realmente é suficiente. Você será inspirado a ser melhor não pelo desejo de ser merecedor do amor de Deus, mas pelo próprio amor de Deus. Isto é, justamente por saber que é amado sem merecer você terá o prazer de se esforçar para ser melhor. A graça não anula o esforço, mas anula o mérito, a culpa, e todo tipo de religiosidade e antropocentrismo.

Em outras palavras, você não será capaz de ser um marido segundo o coração de Deus, nem um pai segundo o coração de Deus, se primeiro você não for feliz, realizado, resolvido. E você não será capaz de se tornar feliz, realizado e resolvido, se você não entender que você é um filho amado de Deus. Por fim, você jamais poderá entender que você é um filho amado de Deus, se você não tiver um relacionamento real com Ele um relacionamento de Pai e filho.

Definitivamente, o conceito bíblico de “homem segundo o coração de Deus” é precedido pelo conceito bíblico de “filho amado de Deus”.

 

Para aprofundar a questão, você precisa responder honestamente às seguintes perguntas:

 

1) Eu nasci de novo? Fui regenerado? Fui transformado pela graça salvadora de Jesus? Tive um encontro verdadeiro com Ele? (Que fique bem claro que o ponto número 1 está fazendo uma única pergunta, porém de formas diferentes. Abaixo vem a segunda pergunta)

2) Como têm sido minha vida com Deus? Estou vivendo verdadeiramente em comunhão com o Senhor? Tenho plena convicção de ter um relacionamento com Jesus? Tenho certeza de salvação? Conheço o meu Senhor e reconheço Sua voz e Seu agir em mim?

3) Encontrei a razão da minha existência? Descobri o sentido da minha vida? Jesus é tudo para mim? A graça é suficiente para mim? Sou feliz com Jesus? Sou completo? Sou resolvido? Ou ainda preciso de alguma pessoa ou alguma coisa desta terra para ser feliz?

 

            Este terceiro ponto merece um comentário a mais.

            Sua felicidade não pode estar condicionada à sua esposa (ou futura esposa), ou aos seus filhos (ou futuros filhos); muito menos a bens materiais.

            O homem que se casa para ser feliz na verdade está perdido, e submetendo seriamente sua esposa e filhos a uma vida infeliz.

            Sua felicidade deve emanar de sua comunhão pessoal com Deus. “Como é feliz aquele que tem suas transgressões perdoadas, e seus pecados apagados” (Sl 32:1).

            Sua esposa não fará você feliz, mas, se você já é feliz com Jesus, sua esposa lhe fará ainda mais feliz e você a ela. Seus filhos lhe farão ainda mais feliz, isso se você já entendeu que é um filho amado de Deus.

            Um homem pode amar profundamente sua esposa e filhos, e mesmo assim ser infeliz, pois somente Jesus pode torná-lo pleno, resolvido e feliz.

 

1.2 Filho obediente

Pois está escrito: ‘Sejam santos porque Eu Sou santo’” (1Pe 1:16) (Mt 21:28-30; Ex 39:30)

            Preste atenção na seguinte parábola de Jesus:

O que acham? Havia um homem que tinha dois filhos. Chegando ao primeiro, disse: ‘Filho, vá trabalhar hoje na vinha’. E este respondeu: ‘Não quero!’ Mas depois mudou de ideia e foi. O pai chegou ao outro filho e disse a mesma coisa. Ele respondeu: ‘Sim, senhor!’ Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? ‘O primeiro’, responderam eles. Jesus lhes disse: ‘Digo-lhes a verdade: Os publicanos e as prostitutas estão entrando antes de vocês no Reino de Deus’”. (Mt 21:28-31)

            Nesta parábola, claramente Jesus está descrevendo dois tipos de filhos, os obedientes e os desobedientes. Portanto, um homem segundo o coração de Deus, necessariamente é um filho obediente do Senhor.

            E como saber a vontade do Pai? Afinal, só podemos obedecê-lo se conhecermos claramente a vontade dEle para nós. Então, onde posso ter o conhecimento da vontade Deus para mim? A resposta é muito simples: “Na Bíblia Sagrada”.

            O filho obediente de Deus é aquele que ama, lê, estuda, medita, e pratica a Sua vontade a qual está revelada na Bíblia Sagrada.

            Viver em obediência ao Senhor significa viver em santidade ao Senhor. Isso resolve muitos problemas. Um marido que não trai, não vive na promiscuidade, está fazendo um grande bem para si mesmo e para sua esposa. Um pai que não mente, não xinga palavrões ou explode em ira e violência, está fazendo um grande bem para si mesmo e para seus filhos.

Enfim, se uma mulher escolher se casar com um homem cujo relacionamento com Deus é real, pautado pela palavra, e que de fato vive como um filho obediente do Senhor, certamente estará fazendo uma das escolhas mais sábias de sua vida. Semelhantemente, seus filhos serão muito privilegiados.

 

2- O HOMEM COMO MARIDO AMAR A ESPOSA

            Vamos falar sobre o papel do homem como marido em 4 palavras-chave: 1) fidelidade, 2) amabilidade, 3) provisão, 4) cabeça.

 

2.1 Fidelidade

Mas eu lhes digo: qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração”. (Mateus 5:28)

            Veja que Jesus está no campo do pensamento, da intenção, do interior do coração. Ou seja, Jesus não deixa passar nada.

            Se a fidelidade que Deus requer do homem para com sua mulher vai além do adultério consumado na carne, é porque a fidelidade que Ele requer do homem para Si mesmo (para com Deus) também vai além das aparências.

            Por isso, o primeiro aspecto que abordamos foi “o homem como filho obediente de Deus”.

            Sob a luz da santidade bíblica, o homem como marido não irá tolerar qualquer que seja o tipo de infidelidade.

            Acessar sites pornográficos (etc) quando sua esposa e filhos não estão vendo também é infidelidade, pois você está traindo a confiança deles; e, principalmente, você está ofendendo a santidade de Deus. Sua esposa e filhos podem não ver, mas Deus vê. Sua família pode não saber, mas ela sofrerá as consequências do seu pecado.

            Acã escondeu o pecado debaixo da tenda onde morava sua família. Ao fazer isso, sendo ele um pai de família, trouxe desgraça e condenação para toda sua casa (Josué 7).

Semelhantemente, quando um pai de família comete infidelidade para com sua esposa e filhos, ele está submetendo toda sua família às consequências do seu pecado. A Bíblia é categórica em dizem que Deus não tolera o pecado, e que a iniquidade nos afasta de Deus. Como você acha que poderá atrair a benção de Deus sobre a sua casa, se você estiver afastado dEle por causa do seu pecado?

Então, resolva isso. Feche a porta. Repare a brecha. E fazer isso é simples:

O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia (Pv 28:13).

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça (1Jo 1:9).

            E lembre-se, arrependimento não é remorso, e sim, mudança de atitude. Então, recalcule a rota, levanta-se, e siga firmemente pelo caminho da santidade.

Um caminho largo atravessará a terra antes desabitada e será chamado Caminho de Santidade; os impuros jamais passarão por ele. Será somente para os que andam nos caminhos de Deus; os tolos jamais andarão por ele (Is 35:8).

           

2.2 Amabilidade

O seu falar é muitíssimo suave; sim, ele é totalmente desejável. Tal é o meu amado, e tal o meu amigo, ó filhas de Jerusalém”. (Ct 5:16)

            O livro de Cantares demonstra o romantismo que deve haver no relacionamento conjugal. No versículo destacado acima, a mulher está testemunhando que seu homem era amável (por isso ela o chama de “amado”), e romântico (seu falar é suave), e amigo.

            O homem como marido deve ser romântico, atencioso, prestativo e amigo.

            Seja romântico. O romantismo deve ser desenvolvido. Ele não surge do nada. É necessário dedicação, insistência, investimento, e intencionalidade. O marido que deixa para ser romântico só nas datas especiais, geralmente falha nas datas especiais. Seja romântico o ano inteiro, todos dias, o máximo que puder. Seja romântico e carinhoso nas atitudes diárias, e planeje atitudes românticas que sejam diferentes das que já fazem parte do seu dia-a-dia. Vez por outra, é preciso inovar e surpreender.

            Seja atencioso. Seja detalhista. Mesmo que isso não seja próprio da sua personalidade, esforce-se para desenvolver essa habilidade. Procure prestar atenção em sua esposa. Do que ela gosta? Qual o número do sapato dela? Qual tipo de perfume ela gosta? Que tipo de filme a atrai? Ela cortou o cabelo hoje? Por que será que ela te chutou por baixo da mesa? (risos)

            Seja prestativo. Tome a iniciativa. Faça tudo que estiver ao seu alcance. Ajude-a o quanto você puder com as atividades e responsabilidades dela; e, principalmente, não seja relapso com as suas. Troque a lâmpada queimada. Resolva o problema da goteira. Faça o café. Lave aquela louça. Acredite, isso não vai diminuir a sua masculinidade. Pelo contrário, vai fazer sua “moral” ir lá em cima com ela. Pode ter certeza de que “a recompensa” fará tudo valer a pena (risos).

            Seja amigo. Converse com sua esposa. Não existe amizade sem diálogo. Ouça-a (mesmo que ela seja daquelas que fala muito risos). Ouça-a de verdade, com atenção. Esforce-se para isso. Ouvir com atenção é acolher o coração dela, é suprir as carências, é dividir a carga, é aumentar a cumplicidade, é fortalecer a fidelidade e a intimidade, é proteger o casamento.

            Como amigo, valorize os sonhos e aspirações da sua companheira. Há maridos que anulam suas esposas. Isso joga para dentro do coração delas uma carga de frustração que esvai todas as forças da paixão. As consequências geralmente são as mais terríveis que se pode imaginar.

            Entenda que sua mulher não casou com você só para fazer sexo com você. Se para o homem, casamento é 90% sexo, para a mulher, só 10% é sexo. A amizade, a cumplicidade, a rotina dividida com carinho é muito mais importante para as mulheres; e é isso que sustenta o amor.

 

2.3 Provedor

Do suor do teu rosto comerás o teu pão...” (Gn 3:19)

            É errado a esposa trabalhar fora e ter “seu próprio” salário? Claro que não. Em Provérbios 31, vemos uma mulher virtuosa que também ganhava dinheiro e somava com a prosperidade da casa (Pv 31:16). Porém, se formos honestos na leitura da Bíblia, veremos claramente que a responsabilidade do sustento da casa é do homem.

            Há exceções? Sim. Um homem pode passar por algum tipo de problema físico, por exemplo, que o impeça de trabalhar. Mas exceção não é regra.

            Na grande maioria dos casos, o trabalho da mulher não é necessidade, e em grande parte deles, tal atividade profissional acaba por comprometer a qualidade de vida da família. Uma casa abandonada durante 10 horas por dia, filhos nas mãos de outras pessoas durante o dia inteiro, representam sim, por mais difícil que nos seja admitir, um quadro preocupante.

            Isso não quer dizer que todas as famílias nessa situação acabarão ruindo em desgraças mais cedo ou mais tarde, mas é seguro afirmar que esses fatores têm sido determinantes no fracasso que inúmeras famílias.

            Seja como for, nada pode alterar a regra bíblica de que o sustento da casa recai sobre os ombros do homem, não da mulher. Portanto, se for necessário que um dos dois abra mão do trabalho profissional, é aconselhável que a mulher o faça, para dedicar-se integralmente ao trabalho do lar.

            É importante ainda dizer que o trabalho da mulher no lar não é menos importante do que o do homem, e que também se trata de um ministério. Definitivamente, digníssimo, dificílimo, e nobre é o trabalho e o ministério da mulher que se dedica integralmente à família.

            Dito isso, pondere as seguintes palavras para melhor definir o papel do homem como provedor do lar.

            Preguiça. Se tem uma coisa que Deus não aceita é a preguiça. Um pai de família deve ser um trabalhador dedicado e esforçado.

            Fidelidade nas prioridades. A fidelidade também se aplica às finanças. Seja um administrador fiel. Não sacrifique seu compromisso prioritário com o Reino de Deus, com a igreja, e com sua família, para gastar ou aplicar seu dinheiro com as suas necessidades e vontades pessoais. Um pai de família que compra um carro caro (financiado), mas não tem dinheiro para investir na saúde da família, na beleza da mulher, na educação dos filhos, no futuro de todos, está sendo infiel, irresponsável, tolo, e submetendo sua família a uma situação de risco. É preferível andar com um bom carro popular, mais barato de se manter, e assim poder contribuir com o Reino de Deus e investir na família.

            Planejamento. Deus te deu inteligência, então, é seu dever usá-la de modo a favorecer sua casa. Faça contas. Tenho tudo na ponta do lápis. Estude sobre finanças, administração familiar, mercado financeiro, etc. Saiba traçar metas a curto, médio e longo prazos. Saiba dizer não, saiba dizer sim. Tenho objetivos bem definidos. Saiba onde quer chegar e como chegar.

            Transparência. Você esconda seus gastos de sua esposa e filhos. Um homem de Deus não tem nada a esconder.

            Unidade. Seu salário não é só seu. O salário da sua esposa não é só dela. A renda é da família. E em última análise, tudo é do Senhor; não só o dízimo, mas tudo é dEle.

 

2.4 Cabeça

Pois o marido é o cabeça da esposa, como Cristo é o cabeça da igreja. Ele é o Salvador de seu corpo, a igreja. [...] Maridos, ame cada um a sua esposa, como Cristo amou a igreja. Ele entregou a vida por ela (Ef 5:23, 25 NVT)

            Meu pai, Pr. Esequiel Carvalho, dizia: “Marido, Deus te chamou para ser cabeça, não cabeção”. Quando a Bíblia diz que o marido é o cabeça da esposa, não está lhe dando autorização para ser autoritário, ditador, carrasco. Não, absolutamente. Aqui, a expressão “cabeça” significa liderança.

            Para começo de conversa, a liderança bíblica, especialmente se olharmos para o exemplo de Jesus, nunca deixará de ser uma liderança servidora (Jo 13:1-17).

            Além disso, a liderança bíblica e cristocêntrica é essencialmente uma liderança sacrificial. Por isso Paulo disse que o marido deve amar a esposa como Cristo amou a igreja, ao ponto de entregar-se por ela na cruz.

            Marido, você foi instituído por Deus como cabeça, ou seja, você é líder, você é aquele que ama e se sacrifica até as últimas consequências até o fim (1Co 13:7-8).

            Ser líder também significa ser responsável. Hoje em dia, o que tem de marido que acorda as 10:30 “da madrugada”, é viciado em videogame, futebol, pipa, pornografia, hobbies em geral, é de assustar. Não é pecado jogar videogame, obvio, mas deixar de cumprir com seus deveres por causa disso, é lastimável. Há homens que gastam o tempo com internet (celular, redes sociais, etc.), e negligenciam seus compromissos como homens de Deus, maridos excelentes, e pais maduros. A infantilidade está tomando conta de muitos homens. Liderança irresponsável não existe.

            Se você exercer sua liderança com responsabilidade, excelência e amor, sua autoridade como pai de família e como cabeça da mulher será natural,[1] inquestionável, e louvável. Sim, todos em sua casa vão até mesmo elogiar sua autoridade, vão inclusive solicitá-la frequentemente, pois ela lhes fornecerá amor, segurança, paz, proteção e direção.

 

3- O HOMEM COMO PAI AMAR OS FILHOS

            Deus é Pai, e criou o homem para ser pai; não somente para encher e povoar a terra, mas também para transferir o Seu caráter, amor e identidade, de geração em geração.

 

3.1 Ensinar

Ensina a criança no caminho em que deve andar; e mesmo quando envelhecer não se desviará dele” (Pv 22:6)

O homem como pai deve ensinar seus filhos pelo exemplo em primeiro lugar, e de todas as formas possíveis.

O exemplo é o rosto do caráter. O que os seus filhos estão vendo em você? Não raras vezes, cometemos o erro de ensinar com as palavras e desconstruir nosso ensino verbal através do nosso ensino exemplar. Isso é como andar numa esteira você nunca sai do lugar.

Portanto, seja respeitoso e gentil com sua esposa, e com eles. Seja moderado no seu tom de voz e refinado no uso de suas palavras. Seja honesto em tudo. Seja trabalhador. Seja fiel. Seja amoroso e carinhoso. Seja um leitor dentro de casa. Com essas atitudes você estará ensinando aos seus filhos as preciosíssimas lições do respeito, da gentileza, temperança, etiqueta, honestidade, responsabilidade, fidelidade, amor, estudo, etc.

Ensine através das palavras também. O exemplo vem antes, mas as palavras vêm logo em seguida. Você precisa conversar francamente com seus filhos e dizer a eles o que eles precisam saber. Fale sobre a Bíblia extraindo delas as lições para a vida. Compre bons livros e utilize-os. Seja um conselheiro. Saiba usar as palavras em seu favor.

Ensine aplicando a disciplina bíblica. A Palavra de Deus nos delegou a responsabilidade de disciplinar nossos filhos quando necessário, de forma sábia, amorosa, e firme. Não acredite nas mentiras de hoje. Dizem que a disciplina bíblica é antiquada, ultrapassada. O resultado dessa falácia é essa sociedade caótica, doente, e o número assustador de famílias disfuncionais, desestruturadas, e destruídas de hoje em dia. A Bíblia continua certa como sempre. “A insensatez está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a livrará dela (Pv 22:15 NVI).

Veja que o versículo associa a disciplina da vara à duas coisas: uma faixa etária e um propósito. A faixa etária é a infância, e o propósito é a sensatez. Ou seja: a disciplina da vara não deve ser aplicada sobre filhos jovens, somente sobre crianças. E o propósito revelado no versículo existe justamente para que não se cometa o erro de “bater por bater”. Nunca faça isso com raiva. Faça com amor, movido pelo propósito.

Mesmo sobre a vida da criança, a vara não deve ser utilizada sem o diálogo. É necessário conversar, explicar o motivo de tudo, a base bíblica do que você está fazendo, e o propósito. Não subestime a inteligência dos seus filhos. Por mais novinhos que eles sejam, explique. Faça isso sempre. Veja que, ao longo do livro de Provérbios, “Salomão casa a comunicação extensiva com o uso da vara. Ambas são essenciais na criação bíblica de filhos”.[2] Quanto mais eles crescem, mais claro e amplo vai ficando esse entendimento neles. Quando eles chegarem à fase da adolescência, quando você não poderá mais utilizar a vara, ficará muito mais fácil e eficiente discipliná-los “apenas” através do diálogo e das restrições (retirar privilégios temporariamente, etc).

Pode parecer que não, mas seus filhos não querem que você seja apenas o pai legal, divertido e amoroso. Eles também querem o pai líder, firme, homem, que tem autoridade. Eles precisam disso. A autoridade paterna fornece segurança e direção ao lar.

 

Ser pai é ser professor, em tempo integral. Seja um discipulador de Jesus para seus filhos, conduzindo-os ao Senhor.

 

3.2 Cuidar

“... os filhos são herança do Senhor...” (Sl 127:3)

            O que você faria com uma herança que não lhe pertencesse, pela qual você teria de prestar contas? Você cuidaria dela, claro.

            Ser pai é ser cuidador. O cuidado é a expressão diária do amor. Quem ama cuida.

            O cuidado de um pai inclui proteção. Desde pequenos acidentes domésticos, até as difíceis escolhas da vida, um pai se preocupa em proteger os filhos, tanto quanto lhe for possível, a fim de livrá-los de sofrimentos que poderiam ser evitados.

            É claro que ser cuidador não é ser superprotetor, mas também não significa ser omisso. O Pai celestial não foi um superprotetor. Ele entregou Seu Filho unigênito nas mãos de um casal pobre e inexperiente José e Maria. Deus não livrou Jesus das dores do mundo, mas também não deixou de protegê-lo sempre que necessário, como quando avisou José que Herodes queria matar o menino. Nesse assunto é necessário equilíbrio.

            Cuidar também significa suprir as carências dos filhos, pois não supri-las é o mesmo que expor os filhos a uma situação de vulnerabilidade diante dos perigos da vida.

            Não me refiro somente às necessidades básicas, como roupa e comida, mas a todas as necessidades dos filhos como pessoas. O coração deles precisa ser suprido de amor, carinho, afeto, amparo. A mente deles precisa ser suprida de conhecimento, sabedoria, conselhos, direcionamento, instrução. As emoções deles precisam ser supridas de amor, mas também de respeito, liberdade proporcional à idade e às demandas da vida, confiança, referência. Um pai referência é como um cais, um porto seguro, para onde os filhos sempre poderão voltar quando, por algum motivo seja ele legítimo ou não se afastarem. É como aquele farol que não sai do lugar. Os filhos sabem que o pai sempre está lá, pois ele é firme, estável, seguro, constante, confiável, e sempre aberto para receber o pródigo.

 

3.3 Afirmar a identidade

Como flechas na mão do valente, assim são os filhos...” (Sl 127:4)

            É o arqueiro que determina a direção para onde a flecha vai, não a flecha. Assim também, o pai tem o dever de apontar a direção de Deus para os filhos.

            Para tanto, o pai precisa ter comunhão com Deus, conhecimento da Palavra e sabedoria celestial. Além disso, o pai precisa esmerar-se em conhecer bem seus filhos, suas aspirações, suas personalidades, seus pontos fracos e fortes, seus corações e aspirações. Este é o quadro que deve estar bem nítido diante de um pai, para que ele possa ser como um bom guerreiro munido de uma aljava cheia de flechas, dando a elas a direção certa.

            Isso quer dizer que o pai vai tomar todas as decisões pelos filhos e suprimir-lhes a liberdade? Claro que não.

            Significa, antes, preparar a terra, plantar sementes, mostrar as opções e suas consequências, os caminhos e seus destinos. E sobretudo, significa afirmar a identidade de cada um dos filhos.

            Engana-se quem pensa que é somente a mão que firma a identidade da filha como menina; por incrível que pareça, o poder que o pai tem de firmar a identidade da filha como menina é ainda maior que o poder da mãe. Tal é a importância do papel do pai na revelação da identidade dos filhos. A filha vai observar o tratamento que o pai dispensa à mãe, vai observar o que faz com que a mamãe agrade o papai, isto é, o que atrai o papai, e vai ouvir com muita atenção o que o papai diz a ela, a filha. A menina vai procurar aquilo que a completa, e o pai será seu primeiro alvo. Ele é diferente da mãe, ele tem o que ela não tem, ele é aquele de onde ela veio Eva foi criada a partir da costela de Adão. Essa ligação é forte demais, é maior que a ciência, maior que qualquer ideologia, pois foi plantada pelo criador.

            Igualmente, é o pai que afirma a identidade do filho como menino. Incrivelmente, o menino não vai, num primeiro momento, procurar aquilo que lhe falta, mas, em maior intensidade, ele vai procurar primeiramente por aquilo nele mesmo que lhe permitirá gerar o que ele só vai procurar anos mais tarde. Dentro dele mesmo está uma resposta que ele ainda desconhece, mas sente sua presença. Sua costela lhe está oculta. Então, o primeiro que ele vai vislumbrar será aquele que já passou por esse processo, seu pai, que já tem sua mulher. Não é divagação especulativa. É um princípio espiritual do qual ele não pode fugir. Primeiro ele precisa ser completo em si mesmo, a partir de seu relacionamento com o pai, como o foi Adão com Deus antes de Eva.

            É claro que a mãe também tem um papel importantíssimo na formação da identidade do menino como menino e da menina como menina, mas, em maior proporção, esse peso recai sobre os ombros do pai.

            Pai, chame o seu filho de filhO, filhão, príncipe, garotão, campeão, leão, etc. Chame sua filha de filhinha, princesa, linda, flor, etc. Brinque com eles, converse com eles, cative o coração deles, e desvende o amor e a Palavra de Deus para eles.

 

Observação importantíssima: é indispensável e extremamente necessário ler bons livros sobres tais temas, buscando sempre a instrução da Palavra para sermos homens segundo Deus. Essa apostila é só um início, um ponto de partida. Pesquise, compre e leia bons livros para pais, maridos, etc.

 

4- O HOMEM COMO PASTOR AMAR A FAMÍLIA

            Nesta última sessão o foco é espiritual com vistas a toda família; ou seja, o papel espiritual que o homem deve exercer como, simultaneamente, marido e pai.

 

4.1 Seja visto em oração

            Lembro-me de, muitas vezes, acordar de madrugada com as mãos do meu pai sobre a minha cabeça, orando por mim. Eu cresci vendo meus pais orando, lendo a Bíblia, cantando louvores, frequentando os cultos, ministrando nos cultos, exercendo o ministério. Isso me marcou e me influenciou profundamente. Quando criança, bem criança, de vez em quando eu pensava algo assim: “Tem que ter alguma coisa de muito boa em Jesus para os meus pais gostarem tanto dEle”. Não sem razão, tive minha experiencia de novo nascimento muito cedo; para ser exato, no dia do meu aniversário de 11 anos 1° de Julho de 1997.

            Quando eu oro, faço questão de deixar a porta do quarto encostada. Meus filhos, quase sempre, entram no quarto, sobem nas minhas costas, na minha cabeça, fazem de contas que eu sou um escorregador, depois pedem para eu orar por eles; então eles se cansam e vão para outro canto da casa brincar finalmente me deixando “em paz” para orar.

            O poder da oração é inegável. Eu poderia contar centenas de testemunhos comprovando isso. Não há nenhuma outra maneira tão poderosa como essa de exercer sacerdócio em favor da família. Ore por sua esposa, ore por seus filhos, ore por você mesmo. Acredite se quiser, Deus tem a estranha mania de responder às nossas orações. E mesmo quando Ele não responde, Ele o faz para o nosso bem. E nessas ocasiões, Ele pode até nos negar a resposta ou o milagre que solicitamos, mas Ele nunca nos negará Sua graça. Então, ore. Ore o máximo que puder, e mais que isso, pelo menos uma vez por dia, seja visto em oração.

 

4.2 Seja visto meditando na Palavra

            A Palavra de Deus será a luz para você e sua família (Sl 119:105). O amor pela Palavra gera temor de Deus. A palavra traz-nos sabedoria, e fornece as respostas mais importantes que sua esposa e filhos muitas vezes necessitarão; ela nos protege. A palavra nos santifica. Firmada sobre a obediência à palavra de Deus, uma família permanece e prevalece sobre as intempéries da vida e hostilidades humanas e diabólicas. 

 

4.3 Promova os cultos domésticos

            Talvez você não tenha recebido de Deus o chamado específico para pastorear uma igreja (instituição), mas todo homem, todo marido, todo pai, foi chamado para pastorear sua família.

            Neste quesito, uma das iniciativas mais importantes que você pode ter é promover os cultos domésticos, os devocionais diários. As famílias cristãs enfraqueceram muito quando abandonaram o culto no lar. Limitar-se aos cultos na igreja é um grande prejuízo. Assim como não devemos renunciar aos cultos na igreja em hipótese alguma, não devemos abandonar os cultos caseiros.

            Você não precisa fazer um culto de uma hora todos os dias com sua família. Não mesmo. O ideal é que todos os dias a família tenha em devocional de 5 minutos, e num dos dias de semana um culto um pouco mais longo e intenso.

            Fazendo isso você vai gerar uma ambiência espiritual no lar, uma atmosfera de adoração propícia para a manifestação de Deus, para as experiências com o Senhor, e para o crescimento e amadurecimento da fé.

 

PARA CONCLUIR

            Como posso fazer tudo isso? Será que tudo isso não é demais para mim? Seria se você fosse fraco, mas você não pode se dar ao luxo de ser fraco. O mandamento de Deus para você é “seja forte”. (Js 1:6)

            Talvez você me pergunte: “De onde arranjarei tamanha força”? A resposta não poderia ser outra: “O Senhor é a minha força e o meu cântico; Ele é a minha salvação” (Sl 118:14).

            Creia nisso. Aproprie-se pela fé desta dádiva que Cristo conquistou para você na cruz. Por Sua graça, Ele lhe preparou um banquete santo, e um dos pratos é esse, “força espiritual” para ser um homem valente, um vencedor. Não abra mão disso. Seja um homem de Deus. Seja um filho obediente do Pai Aba, um marido que ama a esposa como Cristo amou a Igreja, um pai habilidoso com suas “flechas”, e um pastor segundo o coração de Deus para a sua família.

            Seja forte, seja homem.

 

SOBRE O AUTOR

 

Éder Carvalho é bacharel em Letras, bacharel em Teologia EaD, além de Pós-Graduado em Aconselhamento Cristão.

Éder Billy Carvalho é marido da Monique, pai da Hellen e do Nicolas.

Pastor ordenado pela CIADESCP, membro da IEADJO, discipulador, ministro de louvor, pregador e palestrante.

 

Site:                 https://linktree.com.br/new/edercarvalho

Youtube:         www.youtube.com/canaledercarvalho

E-mail:             cantoredercarvalho@hotmail.com       


[1] Não forçada ou imposta.

[2] TRIPP, Ted. Pastoreando o coração da criança. São José dos Campos, SP: Fiel, 2017. p.115.


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